Eu vou ficar acordada
Porque a escuridão não vai me fazer prisioneira hoje
Por que eu não estou assustada de manhã?
Eu não ouço essas vozes chamando
Eu devo tê-las chutado para foraEmma
As gotas da chuva caíam; partes espessas despencavam no meu carro, se acumulando no parabrisa. Hoje há muitas pessoas na rua, por conta do horário comercial e todos estão cobertos com casacos e toucas. Eu estou apenas com a calça que eu usava quando fui para a casa do Taehyung, com a camisa dele e um casaco que encontrei em seu guarda-roupa. Espero que ele não perceba a ausência dessas roupas, espero que ele não perceba a minha ausência.
Há algumas horas eu fui embora da casa do Taehyung, em direção à minha sessão de hoje com o Theo. Porém, ao parar o carro no consultório, ignorei ele e voltei a dirigir. Eu já estou esgotada dessa coisa de psicólogo. Ele sempre fala as mesmas baboseiras e, agora, não existe mais tristeza dentro de mim. É inútil ir atrás de um terapeuta quando eu estou bem. Então, vou ignorar meu psicólogo quantas vezes eu tiver direito. Sem contar que ainda não posso pagar um psiquiatra para me medicar, ou seja, não ganho nada indo falar sobre como foi a minha semana.
Sinto vontade de explodir toda vez em que o sinal fica vermelho. Tento fazer de tudo para não ultrapassar, mas não dá muito certo, porque no terceiro sinal vermelho eu perco a paciência e acelero. Tive sorte em não atropelar ninguém, acho que deve ser uma das minhas qualidades, sou sortuda, apesar de tudo.
Após acelerar o automóvel e avançar para mais ruas, chego a um pequeno mercado de estrada e pego o dinheiro. Conto o necessário para comprar o que quero e saio de dentro do carro. Ao entrar no estabelecimento, noto como se parece uma loja clássica de filme de terror, na qual o grupo de adolescentes sempre compra algo nela. Acho que vivo no próprio filme de terror, porém sozinha e tendo que lidar com a vida sendo meu maior vilão.
Depois de tanto procurar o que quero, chego até o caixa e coloco as coisas em cima. O atendente possui o cabelo grande e, além de ser bem alto, é jovem. Eu pediria o número dele, caso meu namorado não fosse bem mais bonito e eu tivesse a essência traíra do Jungkook.
— Quatro maços de cigarro, duas garrafas de vodca e uma de vinho — ele falou e logo depois disse o preço.
O atendente colocou dentro do saco e olhou para mim, perguntando:
— Não é muito cedo para dar uma festa?
— Não é uma festa — sorrio, entrego o dinheiro e pego o saco. — Mas obrigada pela sugestão.
Coloco o saco de compras dentro do carro. Entro nele e dirijo rumo ao centro da cidade. Cada passo em direção ao limite da rua era ágil demais, o carro me carregava rápido demais para qualquer que fosse o momento de felicidade que me aguardava. Não ousei olhar para trás, porque nem mesmo ainda sei o que vou fazer. Não sou louca o bastante para ingerir tudo isso em uma manhã, ou sou? Nunca é tarde para experimentar.
Uma sensação curiosa e não muito nova surgiu dentro de mim. Vi que não estava tão longe de um local no qual eu costumava beber demais na minha adolescência e ano passado o apresentei para os meus amigos da faculdade, então corri mais ainda com o carro. Estacionei o automóvel perto da calçada do prédio no centro e abri o saco. A primeira coisa que eu peguei foi uma garrafa de vodca. Antes de tomá-la, retirei meu celular e capturei uma foto lambendo a tampa da garrafa. Sei que o correto é não mandar ela para ninguém, mas não penso duas vezes quando vou no contato de Jungkook e aperto em enviar.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Pinte a sua dor | kth [CONCLUÍDA]
Fanfiction"Meu coração está literalmente inteiro nisso, Taehyung. São períodos absurdos de pura mania ou pura depressão, mas eu só consigo pintar quando a minha mente quer afundar em um mar repleto de dor. É realmente necessário que seja assim? Eu espero um d...