Prólogo

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                                    21 de outubro de 2009

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21 de outubro de 2009.

O barulho dos trovões é horripilante. Meu corpo estremece a cada estrondoso som que vem da escuridão do céu. Esconder-me em baixo do cobertor não foi suficiente para espantar o meu medo. Minhas mãozinhas tremem. Meus olhos ardem provocando o escorrimento de lágrimas descontroladas. Está de madrugada, mamãe e papai estão dormindo e eu não quero atrapalhar o sono deles.

Tenho uma ideia, mas não sei se vou conseguir fazer uso dela.

Ponho minhas pantufas de porquinho, me levanto bem devagar e ando até a minha penteadeira. Eu moro em apartamento, então a iluminação da varanda contamina o meu quarto já que as cortinas são finas. Pego o meu celular rosinha da Hello Kitty e começo a teclar nos botões sobressaltados, o número do meu amigo Baleley.

Atende, atende, atende. Por favor.

— Alô.

— Baleley?

— Gatinha? O que aconteceu? — Ele pergunta bocejando.

— Não consigo dormir. Estou com muito medo do barulho dos trovões.

— Eles não vão te atingir gatinha, você está protegida.

— Baleley, p-por favor. Vem pra cá.

— Meus pais vão ficar preocupados quando acordarem e não me verem no quarto.

— Eles já estão acostumados, amanhã cedo, sua mãe vai ligar para a minha e vai vir te buscar.

— Ela vai brigar comigo depois, sabia?

— Não vai não. Ela vai entender. As chaves estão por baixo do tapete, pegue elas e entre sem fazer barulho.

— Eu não posso gatinha. Vai dormir.

— Bailey, por favor, eu não consigo...

De repente, um forte e ainda mais estrondoso som ecoa pelo quarto, fazendo o celular escorregar da minha mão. Escuto ele me chamar pela ligação, mas não consigo me mexer. Minhas pernas ficaram ainda mais bambas e eu caí no chão. Me encolhi rodeando os joelhos com os meus braços e não me movimentei.

Alguns minutos se passaram e a chuva não parava. Minhas persistentes lágrimas desciam e meu corpo estava consumido pelo medo.

— Gatinha? — Bailey abre a porta com cuidado para não acordar meus pais.

Não respondo e continuo encolhida.

— Não precisa mais chorar, eu estou aqui. — Diz e me abraça. — Venha, vamos deitar.

Ele me levanta e me leva até a cama. Não há barreiras entre nós. Somos irmãos e nossa relação é uma das mais puras que já vi.

— Posso te abraçar? — Pergunto para ele.

— Claro.

Aconchego minha cabeça no seu peitoral.

— Canta uma musiquinha para mim?

O moreno assente e logo solta a delicada voz, para uma bela e calma melodia. Ele acaricia meus fios loiros enquanto canta e meu medo vai indo embora. Meus olhinhos vão se fechando, e durmo.

Bailey e eu nos conhecemos no primeiro ano. A professora resolveu organizar a turma em duplas e ele foi o meu acompanhante. Depois de um tempo, descobri que ele iria morar no mesmo prédio que eu, e desde então, não nos desgrudamos.

Sou um ano mais velha. Eu tenho onze anos, ele tem dez.

O apelidei de "Baleley" enquanto ele insistiu em me apelidar de "gatinha".

Somos crianças ainda mais felizes quando estamos juntos.

Ele me protege e cuida de mim. Eu sou uma menina muito feliz por isso, nunca fui tão grata por tê-lo comigo. Apenas melhores amigos e nada além disso.

Nada além disso.

                     

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