Teen. 2 ✦ Nada de comparações, Bailey.

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                                        23 de março de 2016

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               23 de março de 2016.

— Da pra parar de segurar o meu braço, gatinha? É apenas um filme. — Sussurrou Bailey.

— O monstro está engolindo a bunda dela.

Ele ri. — Pode olhar, já passou.

Abri os olhos e soltei o braço dele.

Estamos numa sessão lotada. Esse besta me obrigou a ver um filme de terror sanguinolento, e eu não tive escapatória. Não me julgue, ter dezoito anos não faz de mim uma garota corajosa.

Afinal, o que esperar de uma menina que coleciona pantufas de porquinhos?

O filme está ficando cada vez mais assustador. A única coisa que consigo pensar em fazer nesse momento, é vendar a visão com as mãos.

Quando tento ver pelo menos um pouco, me arrependo amargamente.

QUE HORROR! — Grito.

Bailey me olha assustado e começa a rir.

— Você é uma medrosa mesmo. — Ele diz e o fuzilo com o olhar.

— Medrosa nada, eu apenas não gosto desses filmes nojentos. — Sussuro, irritada.

— Na próxima vez eu chamo a Shiv. Fica tranquila.

Shiv? Sério?

Há três meses que Bailey começou a namorar Shivani. Desde então a nossa amizade não foi a mesma. Ele passou a frequentar festas noturnas e deixou de ser o menino tímido de toda a escola para ser o popular mais desejado pelas meninas. Nossa relação despencou para a estaca zero. Sinto falta do antigo Bailey, e é claro que eu senti a sua ausência durante esse período. Eu não reclamei e não toquei no assunto, estou fingindo que está tudo bem e que tudo está em seu devido controle, porém, apenas fingindo. E não sei se consigo guardar isso pra mim por mais tempo. A verdade é que a sua namorada o levou para o caminho errado e eu infelizmente não pude o acompanhar.

Minha face assume uma triste expressão.

— Tem razão. Você deveria ter convidado ela. — Faço menção de me levantar, mas o garoto me impede.

— Aonde você vai?

— Embora. — Digo sem olhá-lo.

— Não é hora para dramas, gatinha. As pessoas vão começar a reclamar dos seus barulhos. Senta aí e para com essa bobeira.

— Bobeira? — Pergunto incrédula. — Me poupe de você. Estou farta!

Ele percebe que não estou brincando e tenta me impedir de ir mais uma vez.

— Eu não sabia que você surtaria a ponto de gritar no meio da sessão. A shivani seria uma ótima companheira para esse tipo filme, por isso, seria melhor trazê-la da próxima vez. Foi o que eu quis dizer.

— Tem razão, espero que a Shivani seja uma ótima companhia para você. Espero que ela esteja do seu lado em todos os momentos e que te acompanhe em tudo o que fizer. Esse papel não é mais meu. Tchau, Bailey.

Nunca fui de chamá-lo pelo nome, mas agora eu não me sinto no direito de referir-me a ele dessa forma. Acredito que tenha sentido a firmeza das minhas palavras e entendido bem o que eu gostaria que entendesse.

Você perdeu a sua melhor amiga. Bailey, você quis assim. Não me julgue por ter ido embora, mas entenda...

Essa foi a sua escolha.

Saio rapidamente sem atrapalhar ninguém e desço correndo as escadas iluminadas. Ouço ele chamar pelo meu nome e não me importo.

O shopping está muito movimentado e tenho dificuldade ao andar. Ofegante e cansada, paro na saída e avisto milhares de táxis parados à espera de um passageiro.

Eu não vou embora com ele, não depois do que aconteceu. Penso.

Entro no carro e falo o meu destino.

Meia hora depois, chego no prédio e com pressa ando até o elevador. Abro a porta do apartamento, vendo os meus pais jantando e assistindo série.

Eles são muito atualizados!

— E aí, filhota! Como foi o filme com o Baleia achatada? — Pergunta meu pai, animado.

— Foi bom, pai. — Minto.

— Que ótimo, filha. — Minha mãe entra na conversa. — Você ainda vai querer jantar, ou já está satisfeita?

— Não vou querer não, mamãe! Obrigada. Estou cansada e vou deitar. — Digo e me despeço, indo para o quarto.

Caio na cama e choro. Choro tudo o que eu guardava dentro do meu coração.

Eu perdi o meu melhor amigo, a pessoa que eu mais confiava. Eu o perdi para uma garota, que com certeza o fez feliz diferente mim. Eu fui tola ao acreditar que poderia tê-lo para sempre.

Bailey foi embora logo quando eu estava descobrindo novos sentimentos por ele.

Dia seguinte

Abro os olhos, os deixando semicerrados devido à luz da ensolarada manhã que ilumina o meu quarto. Eu dormi chorando e não quis trocar a minha roupa, nunca estive tão acabada. Por sorte hoje é sábado.

— Filha? — Dona Johanna dá leves toques na porta, tentando discernir se eu estou ou não acordada.

— Oi, mamãe. — Sem ânimo, respondo.

— O café da manhã está pronto. Quando você quiser, pode comer. Vou sair para trabalhar. Te amo.

— Obrigada, mãe! Eu também te amo!

Tomo um banho e coloco uma roupa confortável, já que pretendo ficar o dia inteiro em casa.

Estou destruída, não consegui dormir direito e com toda certeza eu vou dormir de novo. Fiquei pensando nele por bastante tempo até conseguir pregar os olhos, o que foi bem difícil.

Saio do banho, me visto e vou para a sala de estar. O cheiro está maravilhoso! Após comer, volto para o meu quarto e assisto as séries que meus pais me indicaram. Sim, meus pais.

Me afundo nos pensamentos até adormecer.

(...)

Acordo ao som da campainha tocando. Levanto, saio do quarto e abro a porta.

— Eu não aguento ficar brigado com você, gatinha.

Com um curto espaço de tempo, eu o abraço fortemente e imediatamente ele retribui.

— Me desculpa por ter ido daquela forma. Eu só queria ter o meu melhor amigo de volta! — Digo com a voz embargada.

— Estou aqui e prometo não me afastar nunca mais. — Diz enquanto acaricia meus fios. — Me perdoa?

Olho para ele e sorrio fraco.

— É claro que eu te perdoo, Baleley.

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