Capítulo Oito

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— Então esse é o famoso Cristopher Talus? — Robin virou o livro de volta para si e bufou. — Bom, aqui tem dizendo que ele era filho de pessoas ricas em 1800. Quando os pais perceberam que alguma coisa estava diferente nele o expulsaram de casa e então ele foi morar com um amigo nessa casa.

— É, depois ele matou esse vampiro e pegou o livro mais poderoso dos vampiros, cheio de magia negra. Hipócrita.

— Quanta raiva acumulada... Pois bem, nada aqui diz como destruir o livro. Apenas conta a história dele e de como cresceu entre os vampiros e se tornou o mais poderoso. E olha, tem dizendo que existem outros seres que vivem entre os humanos. — Com um assobio ele virou a página. — Vampiros, lobisomens, fadas e bruxas.

— O que?

— Existem em nosso mundo. Vampiros, lobisomens, fadas e bruxas. — Olhando em minha direção por cima do livro, ele ergueu as sobrancelhas, aparentando estar surpreso com o que lia nas páginas. Eu sorri percebendo que a expressão era apenas uma brincadeira, assim como eu, ele não acreditava na existência de outros seres. — Acho que esse livro não tem mais nada a oferecer.

— Nada aqui está ajudando. Esse aí foi o único que mostrou O Livro Negro, mas nem o mencionou. O que me espanta é o fato dessa informação está em uma biblioteca humana. Talus vem juntando todos os livros que o mencionam para esconder a verdade sobre os vampiros.

— Monte Louiur fica a duas cidades daqui, talvez ele nem saiba que esse livro existe. E tem mais, isso aqui está na parte de fantasia e poucas pessoas nessa cidade chegam perto. — Ele fechou o livro e o colocou na mesa. — Todos aqui são muito religiosos, acreditam que histórias desse estilo são coisas do demônio e nem chegam perto.

— Por isso os livros desse setor são os mais conservados?

Robin olhou em volta, passando o olhar nas lombadas dos livros que nos cercavam, como se estivesse vendo esse detalhe pela primeira vez.

— Bem observado. Você daria uma boa policial.

— Obrigada, eu acho. — Fechei o livro e o coloquei na mesa, esticando a mão para pegar outro. Nesse, todas as passagens deixavam claro que vampiros não eram seres desse mundo e nem normais e que muitos sucumbiriam no momento em que pisassem em lugares santos. Revirei os olhos, passando as páginas.

— Você tem o livro, certo? — Meu pai perguntou horas depois. Nós dois estávamos tão concentrados que a sala pequena ficou em silêncio, o único barulho que era possível ouvir eram as das páginas passando.

— Certo.

— Por que só não queimamos? Se é um livro normal ele vai pegar fogo.

Peguei o diário da minha mãe e o abri, colocando na página certa para que ele lesse. Quando seus olhos passaram pelas anotações, soltou um suspiro e voltou a encostar na cadeira.

— Poderia ser mais fácil, mas não, tinha que ser complicado.

— Minha mãe costumava dizer que nada é simples. E também me contou que você tende a reclamar muito das coisas. — Ele abriu a boca para falar, mas seu telefone começou a vibrar em cima de mesa e após ver quem era na tela, ele levantou e saiu da sala.

— Agora sim! Finalmente ele saiu da sala. — Uma voz sussurrada soou a minha volta. Arrumei o corpo na cadeira devagar. Eu conhecia aquela voz. — O que? Ficou surpresa. Achei que não iria lembrar de mim, Ronnie, mas pela sua reação, deve lembrar.

— O que está fazendo aqui, Nicholai? — Sussurrei, com medo do meu pai ouvir minha voz através da porta.

— Vamos conversar onde eu possa te ver, estou com saudade do seu rostinho. — Uma risada divertida soou no fundo da minha mente e então tudo ficou escuro. Eu sabia o que ele estava fazendo e meu corpo tentou reagir, mas meus poderes não eram tão fortes assim. Senti meu corpo desligar, como se eu não estivesse mais no controle e então, cai da cadeira e perdi a consciência.

O Livro de AurumWhere stories live. Discover now