Capítulo 14

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Mal consigo dormir a noite pensando nas palavras de Felipe, é como se sua voz me perseguisse. Passo uma madrugada entre sonhos obscenos e acordada com meu corpo pegando fogo de tanto desejo.

Quando saí da cozinha estava tão desorientada que esqueci o meu celular em cima da mesa. Somente pela manhã dei-me conta disso. Por sorte aquele devasso sai logo cedo para cuidar das coisas da estância, então tenho certeza de que não o encontrarei no café da manhã.

Depois de tomar um banho e me arrumar para o trabalho chego a cozinha e vejo Filó e Morgana, uma das moças que a ajuda no trabalho da casa. As cumprimento e sento-me a mesa, aproveito e analiso em volta para ver se vejo meu celular.

— Vocês viram o meu celular em algum lugar? — questiono.

Filó vira-se para mim e nega com a cabeça.

— Não minha querida. Cheguei bem cedo aqui e não vi nada. Você o deixou aqui?

Deixo meus ombros caírem e entorto a boca. Tenho certeza que o deixei sobre a mesa enquanto fazia minha refeição de ontem.

— Eu o esqueci aqui ontem a noite, ao menos era a certeza que eu tinha.

— Você não deixou em seu quarto? — pergunta tentando ajudar-me.

— Agora não tenho tempo de ver, a qualquer momento Abigail estará chegando para irmos a escola — comento desanimada, pois minha prima poderá ligar a qualquer momento.

Filó se aproxima e acaricia meu ombro.

— Fique tranquila ele aparecerá.

Sorrio com desanimo.

— Eu sei — respondo e começo a tomar meu café.

Não estou com muito apetite, minha cabeça está muito cheia. A casa precisa ser vendida o mais rápido possível, pois tenho dívidas a pagar devido a doença da minha mãe e isso vem me preocupado bastante. Não estou vendendo a casa apenas por um capricho. Ninguém sabe, mas estou com a corda no pescoço e minha salvação será a venda da casa.

Não sei se foi a noite mal dormida, mas começo a ficar cansada de mostrar a todos que tudo está bem, tem horas que minha vontade é me isolar e deixar que essa angustia aflore de uma vez por todas.

E como se não tivesse problemas suficientes aparece em minha vida esse fazendeiro pervertido para mexer como minhas emoções.

— Bom dia professorinha! — Pensei tanto no homem assim que agora ouço sua voz na minha cabeça?

Levanto a cabeça e infelizmente não é nenhuma pegadinha da minha imaginação, na minha frente parado está Felipe. Ele olha-me com intensidade, minha boca resseca diante a visão e sem me dar conta passo a língua por meus lábios e seus olhos acompanham o movimento deixando-me sem graça.

Volto a baixar meu olhar e bebo um pouco de café.

— Bom dia — respondo com voz baixa.

— Pensei que já estava no campo — diz Filó para ele e escuto a cadeira se arrastar. Jesus! O que ele está fazendo aqui a essa hora? — Vou trazer uma xícara de café para você.

Tento agir com naturalidade quando na verdade o pedaço de bolo que como parece mais uma pedra arranhando minha garganta. E por algum motivo, mesmo sem o encarar posso sentir seus olhos em mim.

— Hoje vou mais tarde, e como minha irmã pediu para conversar comigo e preciso ir à cidade aproveitarei e darei uma carona para a professora — anuncia com espontaneidade.

Meu Indomável DevassoWhere stories live. Discover now