Capítulo 32

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Meus dias têm sido uma droga, uma dúvida paira sobre minha cabeça: será que fiz o certo? Por alguns segundos, quando expus ao Felipe o que realmente sentia, tivera a esperança de que reagiria de outra forma e dissesse que gostaria de ficar comigo sem aquele acordo idiota. Porém ele aceitou muito bem nosso rompimento e foi embora.

Deve sentir-se tranquilo agora, ainda mais que confirmei não estar grávida. Na noite em que descobri sobre seu possível relacionamento com uma mulher misteriosa, ao chegar em casa verifiquei que meu período menstrual havia chegado. Se disser que senti alívio estarei mentindo para mim mesma, o que senti foi algo muito diferente, inexplicável na verdade, foi como se ficasse triste. Contudo devo ser grata por essa relação não ter ido mais longe, um filho só nos traria desconforto e preocupação.

Recebo uma mensagem de Dani dizendo que já se encontra no Oh Tchê! Ela insiste em querer conversar comigo, tentei marcar com ela em outro local e dia, mas terminara por me convencer a sair na noite de sexta-feira. E agora aqui estou dentro de um táxi indo ao seu encontro. Só espero que Felipe não apareça, e caso aconteça que não saia com nenhuma mulher, pois não sei como reagiria vendo-o nos braços de outra.

Sei que isso a qualquer momento vai acontecer, mas quero estar mais preparada quando chegar a hora.

Dani me aguarda na porta do bar e acena ao me ver saindo do táxi, vou ao seu encontro, ela se mostra aliviada e estranho um pouco seu comportamento, porém como não ando nada bem não falo nada.

Quando nos acomodamos em nossa mesa, Márcia vem sorridente nos atender, a mulher sempre está de bom humor e nunca a vi destratar nenhum cliente, até os mais inconvenientes ela consegue tolerar sem demonstrar antipatia. Ela me pergunta como Jorge, seu filho, tem se comportado na escola. Depois de garantir que ele é um menino muito comportado ela anota nosso pedido e se afasta.

— O que você tanto quer falar comigo? — pergunto para Dani assim que ficamos sozinhas.

— Não estou mais com Marcelo, ele me propôs ir embora com ele, mas não pretendo sair daqui, amo essa cidade ainda mais agora que estou prestes a abrir minha loja de roupas íntimas.

Dani não me parece triste com o rompimento, nem sei por que insistiu tanto em conversar comigo, talvez precise somente se distrair um pouco. Ela conta sobre sua loja com muita empolgação, é um sonho ao qual está realizando. Fico feliz por ela, pois Dani é uma das pessoas mais acolhedoras que conheci nesta cidade.

Não demora muito Rafaela chega e se junta a nós, ao contrário de Dani está aborrecida com alguma coisa, quando perguntada ela responde com um simples "nada". Thales e Bruna também se sentam conosco. Iniciamos um bate-papo descontraído.

Em algum momento sinto como se alguém me observasse e me viro, então vejo Felipe na porta. Ele está irresistível com uma jaqueta de couro preta e me encara insistentemente. Minha pele se aquece apenas com seu olhar e antes que dê alguma bandeira viro-me e volto a conversar com meus amigos.

Um grupo local faz um show com músicas regionais, fico sabendo que é a primeira vez deles ali e tudo indica que voltarão, pois têm um carisma fora do comum. No intervalo do show Dani levanta-se e chama-me para acompanhá-la ao toalete, pois não se sente muito bem. Imediatamente a sigo. Pergunto o que está sentindo assim que entramos no lavabo, ela então me olha dá um sorriso e diz que está melhor e precisa apenas beber água.

Fico sem entender, mais uma vez, porém não pergunto. Não sei se é impressão minha, mas Dani está apreensiva a noite toda, como se estivesse esperando que algo acontecesse a qualquer momento.

Retornamos para o salão, esforço-me para não procurar por Felipe com os olhos, pois sei que está em algum lugar aqui. Passo no centro do salão e jamais poderia imaginar algo tão inusitado me acontecendo.

Meu Indomável DevassoWhere stories live. Discover now