Meu Indomável Devasso

Capítulo 34

Esse lugar é lindo! Estou a margem de um rio com águas cristalinas, fecho os olhos e suspiro sentindo o cheiro agradável da natureza. Os pelos da minha nuca se arrepiam e um som quase imperceptível chega até mim. Volto a abrir os olhos e agora me encontro num lugar diferente e escuto com o mesmo som estranho. O lugar é obscuro, como se tivesse pegado fogo e agora só restado cinzas. Movo meu corpo e vejo uma caverna de onde sai o barulho.

Arregalo os olhos ao notar três cobras que parecem vir na minha direção. Viro-me e corro, mas minhas pernas parecem pesadas, tento gritar e nenhum som sai da minha boca. Pavor me domina, então vejo várias árvores lindas no meio de tanta deformidade. Atraída pela beleza daquelas árvores frondosas vou naquela direção e logo me vejo no meio de um cenário repleto de Brincos de Princesa, minhas flores favoritas.

Uma paz permeia a paisagem. Vejo um garoto de costas e me aproximo. Quando chego pertinho dele, o menino se vira e então começo a chorar de emoção, pois estou de frente para o meu irmão.

— Igor! Não acredito que está aqui? — murmuro impactada. O enxergo ainda como um adolescente. Ele não mudou nada. — Eu senti tantas saudades.

Igor rir, daquele jeito travesso o qual nunca esqueci. Ele se aproxima e me abraça, uma calmaria apodera-se de minha alma. Como é bom ver meu irmão. Também o abraço e sua cabeça bate em meu ombro.

— Você não cresceu muito. — É a primeira coisa que fala. Ele continua zombando de mim, mas nem ligo. — Também senti sua falta — confessa por fim.

Separamos-nos e por alguns segundo ficamos olhando um para o outro.

— Que lugar é esse? — pergunto.

— Um lugar seu — responde enigmático. — Mas isso não importa, não temos muito tempo, tenho que ir embora.

Nego veementemente com a cabeça e seguro suas mãos.

— Não. Vamos ficar juntos, não quero que vá embora — digo e começo a chorar.

Ele passa a mão por meus cabelos.

— Mel 'melequenta'! — chama-me do apelido que inventou para mim, o qual odiava. — Eu sempre estarei com você.

— É mentira, você está me enganando — lamento.

— Não estou, só quero que saiba que nada importa, sempre seremos irmãos. Temos uma ligação, porém você ainda tem muito para viver e meu caminho é outro — revela e sorri.

— Eu não posso ir com você? — pergunto.

Ele me observa.

— Você não quer isso, ou quer deixar para trás a pessoa que te faz feliz? — indaga e olho para trás, Felipe está no meio das flores estendendo a mão em um chamado silencioso. — Minha irmã, o que você deseja? De verdade.

Continuo olhando Felipe, tão lindo! Sinto como se ele tocasse minha mão.

— Eu desejo ser feliz, ter uma família... eu desejo ser amada. — Volto-me para Igor que me contempla. — Eu perdi todos que amei, todos se foram.

— Chegou a hora de você ser feliz, a vida está te dando um presente, aceite e desfrute.

— ... eu me apaixonei por você, e só me dei conta disso quando soube que poderia perdê-la... — Ouço a voz do Felipe em minha cabeça e a sacudo sem entender o que me acontece.

Igor beija meu rosto e se afasta.

— Falta muito para nos encontrarmos novamente. Volte para sua nova vida, seu amor lhe chama.