Meu Indomável Devasso

Capítulo extra (1)

Nem acredito que finalizamos a obra na via que leva ao lago, já era para estar pronta há mais tempo, mas assuntos mais urgentes tomaram o meu tempo deixando essa obra para depois.

— Chefe, mesmo nas chuvas mais fortes acredito que não terás mais problemas — informa o engenheiro que acompanhou a reforma.

Olho para meu relógio e passa das cinco, preciso passar na sede da estância antes de ir para casa. Hoje eu e Mel iremos ao Oh Tchê! juntos para assistirmos o show dos Tiranos, o primeiro grupo regional que Mel conheceu. Segundo ela, se apaixonou pelas músicas regionais por causa deles.

Observo a via já pronta e me volto para Célio.

— O trabalho a meu ver está muito bom, mas vamos ver adiante. Só o tempo dirá — argumento —, preciso ir agora. Você sabe como fazer a partir daqui e mande a fatura por e-mail para que o setor financeiro providencie o pagamento.

— Tudo bem, foi bom prestar serviços para você, e qualquer coisa basta me ligar, no próximo mês estaremos de volta para vistoriar a via conforme prevê o contrato.

— Perfeito. — Despeço-me dos trabalhadores que estão guardando os equipamentos e entro em meu carro.

Mal estaciono percebo Alonso sair da sede e correr em minha direção, por sua cara prevejo estar prestes a me dar alguma notícia ruim, espero que não tenha acontecido nada com nenhum meus gados.

Saio do carro e preocupado.

— Cara seu telefone não atende — diz ao chegar perto de mim.

Pego meu celular em meu bolso e não vejo ligação alguma, apenas alguma mensagem no aplicativo.

— Fala logo o que aconteceu. Não há sinal onde me encontrava, você sabe disso — declaro enquanto abro a mensagem.

É da Mel e diz que precisa falar comigo com urgência. Olho para Alonso e ele parece hesitante, porém seja o que for que tenha a me contar terá que esperar, pois verei o que minha professorinha quer comigo.

Meu telefone começa a tocar antes que eu ligue para Mel, é uma chamada da Abigail, mas que merda.

— Cara, aconteceu algo muito grave — Alonso fala ao mesmo tempo em que resolvo atender minha irmã.

— Abigail, agora não posso falar...

— Felipe, você precisa vir agora — determina atropelando as palavras.

— Ir aonde? — respondo aborrecido, só falta agora esperar que resolva seus problemas com as crianças.

— Você tem...

A ligação cai antes de terminar e olho para Alonso.

— Minha irmã parece aflita — digo pensativo. — A ligação caiu.

Alonso me olha e respira fundo.

— Felipe aconteceu um acidente com a Mel. — Aperto o aparelho em minha mão quase o quebrando.

Encaro Alonso e dou um passo ameaçador em sua direção.

— O que você está dizendo? Fala logo porra! — trovejo nervoso segurando-o pelos ombros.

— Calma amigo, se continuar nervoso assim não poderá fazer nada para ajudar — argumenta e amenizo o aperto, não consigo falar nada, minha garganta se fecha. — Ela foi atropelada por uma moto enquanto atravessava a rua, não sei de mais nada, apenas o que Abigail contou por telefone.

Eu largo Alonso e caminho para a caminhonete.

— Eu preciso ir até ela — pronuncio e sinto a mão de Alonso segurar meu braço.