Capítulo 11

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Irei manter a calma em respeito aos pequenos, embora devo confessar ser muito difícil.

Aproximo-me dele, seu olhar parece brasa e é como se queimasse todo o meu ser. O olho desafiante e de cabeça erguida, tentando demonstrar uma tranquilidade inexistente.

— Vou amar contribuir na plantação — comento com um falso sorriso e fico muito perto dele e olho para cima em seus olhos. — Você me paga! — exclamo baixo para somente ele me ouvir e sorrio para não chamar atenção dos outros.

Felipe sorri cínico, inclina a cabeça e sua respiração atinge meu pescoço e mal posso esconder o arrepio que passa por minha pele.

— Estarei esperando ansiosamente para cumprir meu pagamento — sopra em minha orelha e meu corpo responde a sua proximidade com uma torrente de desejo. Ele se afasta com os olhos fixos nos meus, seus olhos verdes brilham e parecem desvendar minha alma. — Vamos, não temos o dia todo — diz e vira-se.

Solto o ar preso em meus pulmões e me dou conta do quanto esse imbecil é perigoso para minha sanidade.

Observo em volta e noto que tanto as crianças quanto os ajudantes estão envolvidos na atividade de plantação, para minha sorte ninguém se deu conta da nossa conversa um tanto estranha.

Vou até onde está Felipe e ele me entrega um saquinho contendo sementes. Nossos dedos se tocam causando uma espécie de descarga elétrica e assustada, puxo minha mão mais rápido que o necessário, ele me olha confuso, mas não comenta nada.

— Onde posso plantar? — pergunto sem encará-lo.

— Venha comigo, pois não basta cavar e jogar as sementes — responde e vira-se então o sigo.

Em determinado ponto, mais afastado dos alunos ele se ajoelha e faço o mesmo ao seu lado. Ele pega uma espécie de pá pequena com cabo de madeira e faz um pequeno buraco na terra explicando a profundidade que deve ser cavado. Presto atenção nos movimentos de suas mãos e braços e sinto um calor repentino.

Sua mão é grande e tenho a impressão de que é áspera. Começo a fantasiar sobre o que suas mãos podem fazer no corpo de uma mulher. Ele fala alguma coisa sobre a seleção das sementes e simplesmente não consigo entender.

Sacudo a cabeça e olho para ele.

— Pode repetir, por favor — peço.

Ele respira fundo com impaciência e me olha.

— O mínimo que você pode fazer é prestar atenção. Isso não é tão difícil assim — reclama.

— E o mínimo que você pode fazer é ser paciente, estou pedindo apenas para repetir, pois não quero fazer nada de errado — respondo de cara amarrada.

Felipe analisa meu rosto e percebo que está aqui somente por obrigação, não entendo isso. Se não gosta de mim por perto, por que fez tanta questão dele mesmo me demonstrar sobre a plantação.

Ele balança a cabeça e suspira fundo.

— Não é nenhum bicho de sete cabeças, guria — resmunga exasperado. — Apenas preste atenção, você parece estar em outro lugar — completa.

— Caso não queira me explicar, tudo bem. Peça outra pessoa, até prefiro — queixo-me.

Felipe solta uma risada.

— Você não se livrará de mim tão facilmente, professorinha — fala e sua voz sai enrouquecida.

Não sei o que mais odeio, ele me chamar de guria ou professorinha.

Meu Indomável DevassoWhere stories live. Discover now