Capítulo 30

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Dias depois preciso ficar na escola até mais tarde para a dedetização, Abigail pediu que eu ficasse, pois teria que levar um de seus filhos ao médico. Não é um trabalho muito demorado, a empresa contratada costuma fazer esse serviço trimestralmente, então nem preciso mostrar nada, afinal a equipe conhece todo o local.

Assim que terminam o serviço tranco tudo e vou embora, já anoiteceu e nem percebi a hora passar. Quando pego a estrada de terra que me levará a casa principal da estância o carro começa a engasgar até que para de vez. Era só o que me faltava!

Desço do carro e abro o capô, não entendo nada de mecânica de carro, no escuro então tudo piora, pois não tenho como enxergar. Com as mãos na cintura olho de um lado para o outro e não vejo uma viva alma, a noite está fria e um pássaro qualquer gorjeia em algum lugar, por onde olho vejo apenas vegetação, por sorte Santa Clara de Assis não tem taxa de criminalidade, ou estaria apavorada.

Penso no que vou fazer e lembro que Felipe e eu finalmente trocamos número de telefone, ele é a única pessoa que me vem à cabeça, pois Abigail está na cidade vizinha e Rafaela anda estranha.

Pego o celular e ligo.

Mel, que surpresa, aconteceu alguma coisa? — demanda logo que atende.

— Oi Felipe, o carro enguiçou aqui na estradinha e não sei do que se trata — informo de uma vez.

Você sabe sua localização?

Olho novamente ao redor na tentativa de encontrar algum ponto de referência.

— Não sei — digo sem graça. — Andei cerca de 200 metros assim que peguei a estrada da fazenda.

Aguarde, estarei chegando em cinco minutos e fique dentro do carro — ordena antes de desligar.

Nem penso duas vezes e entro no carro, pois a iluminação nesta parte da estrada e escassa e tenho medo de que algum bicho apareça.

Não demora muito vejo, através do retrovisor, um carro se aproximando, com certeza não é o Felipe, então continuo onde estou. Porém o carro para e fico atenta, então reconheço Roberto saindo do automóvel e caminhando até mim.

Logo que ele para ao lado da minha porta abro o vidro e olho para ele, como ele deixou seu farol aceso sou capaz de vê-lo com nitidez.

— Oi Roberto!

Ele tem uma expressão indecifrável.

— Olá Mel, o que houve? — pergunta olhando para dentro do carro.

— Enguicei — respondo.

— Barbaridade! Vamos eu te levo, é perigoso você ficar aqui sozinha a essa hora.

Esboço um sorriso.

— Não precisa se incomodar, já tenho uma carona — admito.

Roberto faz cara de surpresa.

— Olha, melhor sair daqui o quanto antes, ninguém passa por aqui a esta hora, você esperará por horas a fio.

Escutamos o barulho de um automóvel se aproximando e olho para frente, a caminhonete de Felipe se aproxima e para do outro lado da rua.

— Obrigada, mas como pode ver, o Felipe veio me buscar — explico enquanto pego minha bolsa e material de trabalho no banco do carona.

Felipe chega tão rápido que só o vejo quando já está parado ao lado de Roberto. Eu saio do carro e olho para ele que observa Roberto com desconfiança.

Meu Indomável DevassoWhere stories live. Discover now