Capítulo 8

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Gabriel:

- Que?

- Não tenta me enganar, por favor. Desde quando você nutre esse tipo de sentimento por mim?

- Desde sei lá, 2017 talvez antes... Eu não sei.

- Meu Deus. Por que você não veio conversar comigo? E não me venha com esse clichê de estava esperando o momento certo porquê isso não cola comigo.

- Você acha que é fácil chegar para o seu melhor amigo "Oi eu tenho uma atração gigantesca por você e que pode vir a se tornar um amor se eu ficar muito perto de você por muito tempo"? É impossível dizer isso.

- É justo, porém eu deveria ter o direito de saber que você sentia isso por mim, talvez eu pudesse...

- O quê? Gostar de mim também? Qual é Gabriel, teu negócio é mulher, todo mundo sabe disso.

- E o teu negócio são os dois.

- Ainda não me sinto seguro o suficiente para conversar sobre isso. Preciso ir, sei lá, só quero ir embora.

- Vamos conversar, quando estiver pronto.

Ele concordou com a cabeça e saiu, deixando minha cabeça a mil.

- Nossa, pareceu até cena de novela.

Me virei rapidamente e vi a Jéssica, perto do corredor.

- O quê você ouviu?

- O suficiente. Ele é bem dramático não acha?

Eu dei um meio sorriso ao perceber que fui idiota por não notar essa "qualidade" nele.

- Desde pequeno. O que está fazendo acordada?

- Eu tenho sono leve, escutei a gritaria dele, achei que poderia ser algo ruim e por isso vim.

- Se preocupou comigo?

Ela parou para raciocinar alguns segundos e ficou séria.

- Não, claro que não, fiquei preocupada de ser alguém do Turner, ou algo parecido.

- Você teve pesadelos de novo? - Eu fui andando até o sofá calmamente e ela fez o mesmo.

- Tive. Isso vai ser um problema tão grande assim? - Ela se sentou no mesmo sofá que eu porém distante - Não vai conseguir cuidar de uma louca?

- Claro que isso não é problema, já tive meninas que ficaram completamente traumatizadas com o que sofreram lá dentro e até hoje fazem tratamento psiquiátrico, ter pesadelos é completamente normal.

- Você trabalha com a polícia não é?

- Você é bem esperta, e respondendo sua pergunta, sim. Eu faço parte de uma investigação contra o Turner, eu e mais um dos influentes nesse país e a polícia, estamos trabalhando há mais de 2 anos para prender o Turner, sem sucesso - Ela se sentou de lado no sofá ficando de frente para mim - como pode perceber.

- Você compra as meninas e depois o quê? Fica com elas?

Eu gargalhei um pouco e a olhei, com aqueles olhinhos curiosos eu juro que poderia me perder ali dentro.

- Eu cuido, dou casa, trabalho e tratamentos.

- Você nunca teve nenhum tipo de relação com elas?

- Você não acha que está sendo muito curiosa não?

- Eu fui comprada por você, acho que tenho o direito de ser curiosa para tentar ao menos entender o porquê de você ajudar em algo que não te beneficia em nada.

- É justo. Eu gosto de fazer o bem, isso não é legal para você?

- Lógico que é, porém é raro. Eu vi horrores naquele lugar, sofri lá e imagino o que as meninas que chegarem e as que ainda estão lá vão passar. É um lugar terrível e eu não desejaria que ninguém jamais passasse por aquilo.

Ficamos em silêncio por um bom tempo até que ela finalmente falou.

- Eu quero ajudar na investigação. Faço o que for preciso. Eu dou testemunho, eu trabalho com vocês mas tem que me prometer uma coisa.

- Que coisa?

- Que eu nunca mais vou pisar naquele lugar. Eu faço o que precisarem que eu faça, mas eu nunca mais, jamais quero voltar pra lá.

- Você tem minha palavra.

Ela abaixou a cabeça e eu percebi que ela chorava, segurei seu queixo e fiz ela olhar para mim e acabei inconscientemente limpando uma das lágrimas.

- Eu prometo que você nunca mais vai passar por nada parecido com aquilo.

Ela concordou com a cabeça e eu me afastei.

- Você deveria ir dormir.

- Eu sei. Obrigada, pela conversa e por ter me tirado daquele lugar.

- Só fiz o meu trabalho.

- Eu sei, mas mesmo assim obrigada.

Dou-lhe uma... Dou-lhe duas... Vendida! - CONCLUÍDAOnde histórias criam vida. Descubra agora