Capítulo 43

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Jéssica:

A segunda parte foi a mais complicada, ficar cara a cara com o Decker não iria ser nada fácil mas se eles precisavam disso para colocar ele e o Turner atrás das grades então eu faria.

- Jéssica assim que entrar lá, ele vai estar algemado e com olhar de que está pronto para te agarrar - Eu arregalei meus olhos e apertei a mão do Gabriel de nervosismo e ele apertou de volta - Mas como eu disse ele está algemado e não representa nenhum tipo de perigo e mesmo se não estivesse ainda teríamos como te proteger, certo? Não demonstre medo ou comente suas inseguranças ele vai dizer qualquer coisa para desestabilizar você mas você que tem que achar uma forma de fazer isso primeiro okay? Quando tivermos a informação ou a reação que precisamos ou você não quiser ficar lá dentro mais é só bater na mesa duas vezes. Entendeu?

Enquanto tentava assimilar tudo que Ondero me disse até que James tocou meu ombro e disse que eu não tinha nada com o que me preocupar, que eles estariam prontos para qualquer coisa.

- Ok, me coloquem lá dentro e deixem eu acabar logo com isso.

As salas de interrogatório eram as clássicas dos filmes, uma sala com uma mesa e duas cadeiras com uma parede de vidro com isolamento acústico e que passa imagem para os policiais mas não deixa o interrogado ver quem está ali atrás.

Eu entrei na sala e Decker estava de costas para mim, estava torcendo para ele não lembrar de mim e nem da minha voz. Pegar o inimigo no elemento surpresa é a melhor coisa.

- Policial, já percebeu que não vai conseguir nada de mim?

Ele não podia se virar pois estava algemado e eu ainda não tinha tido coragem de falar alguma coisa.

- Você está mais quieto que o normal hoje, qual é o problema? Diminuíram seu salário?

Ele riu, na verdade gargalhou firme com a ideia de alguém perder o salário.

- Não sou um policial.

Os músculos das costas dele ficaram tensos, era notável, ele sabia quem estava na sala com ele, andei até a cadeira em frente à ele e me sentei, engolindo seco ao olhar para ele. Suas mãos estavam algemadas na mesa então não havia nada que ele pudesse fazer. Olhar para ele era como estar lá novamente, os socos, tapas, aquele sentimento horrível de cárcere... Tudo naquela sala estava me fazendo mal mas eu não iria desistir.

- Olá Decker.

- Olá docinho, veio pedir por mais uns tapinhas? Gostou dos que ganhou naqueles dias?

Senti minha garganta fechar e a dificuldade para abrir a boca ficou maior ainda, eu olhei para o vidro e sabia que o Gabriel estava lá, e que ele ouvia tudo e eu também sabia que ele queria vir aqui e socar o Decker só por ele ter ousado um dia me encostar mas ele não iria fazer isso, não se Decker não fizesse nada contra mim.

- Na moral docinho, o que faz aqui? A polícia acha que ver você vai me fazer sentir remorso? Bom, eu não sinto.

Eu respirei fundo e reuni todo o resto de coragem que eu tinha, de alguma forma olhar para ele me deixava impotente, sem dignidade porque me fazia lembrar do que ele fez comigo.

- Como vai sua família, Decker?

A feição dele mudou, o olhar de surpresa dele era tamanho, dava para ver, e então eu me lembrei daquele dia...

Flashback:

Quando o homem parou o carro, outro veio com tanta brutalidade me tirar do carro que eu achei que eu ia quebrar.
- Me solte! Por favor! Alguém me ajude!
Eu tentei me soltar dele, mas o mesmo me agarrou com força pelos braços e olhando fixamento nos meus olhos disse:
- Ninguém poderá te salvar meu docinho. Mas talvez eles sejam bonzinhos com você. Ou façam coisa pior do que o costume.
Eu me tremi de medo.
- Você não tem família!? E se fosse um filho seu nesse lugar terrível, como você se sentiria?
Ele me deu um tapa na cara.
- Se falar algo sobre família de novo comigo por perto vadiazinha, vou fazer questão de ser o primeiro a machucar você.

Dou-lhe uma... Dou-lhe duas... Vendida! - CONCLUÍDAOnde histórias criam vida. Descubra agora