27 momentos

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Oi estou de volta.

Os dias passaram voando, acabei toda envolvida com o projeto da editora e a revisão dos livros, sem contar que eu e Márcio estamos cada dia mais colados. Não consigo entender como consegui passar tanto tempo longe dele. Pego sua camisa que está perto da cama e inalo seu perfume.
Percebo o telefone vibrar e atendo. Porém o que ouço é apenas uma respiração pesada, pergunto quem é, mas a pessoa do outro lado não responde, acho estranho e desligo. Contudo, o telefone toca em seguida.

— Alô, vai falar agora?

— Olá, amiga desnaturada, como você me abandona assim? — sorrio com o drama que ela faz.

— Como você está amiga?

— Também estou com saudades.

— Estou aqui jogada às traças, sem amiga, nem namorado, até o ingrato do Antony me abandonou. Só quer saber daquela menina de olhos claros e cabelos coloridos.

— Sei, a Priscila. Mas você não me ligou apenas para reclamar, né? Me fala como andam as coisas aí.

— Menina, nem te conto. A naja ontem deu o maior escândalo na minha sala, pois ela entrou aqui e o Carlos estava enchendo minha paciência.

— Sério, o que ele queria?

— Adivinha? O cara tá neurótico, disse que precisa te encontra de qualquer maneira. Mas a Simone achou que eu estava tendo algo mais com ele, e fez maior show.

— Credo amiga, que situação. — meu telefone dá sinal de outra ligação, como é número desconhecido, descarto e continuo a falar com Ange.

— Sim, mas me conta quando você volta.

— Taí uma questão, não tenho a menor ideia — suspiro me jogando na cama.

—Ah! Tem cueca nessa história, pode começar a contar os detalhes sórdidos. — solto uma gargalhada.

— Não tem detalhes sórdidos, só reencontrei uma pessoa especial e estamos vivendo o momento.
— Sei... Me fala uma coisa, como são os olhos dele?

— Perfeitos... — confesso.

  — Ai! Não acredito, agora perdi minha amiga de vez. – ela grita quase me deixando surda.

— Para de drama Ange, estou feliz e pela primeira vez acho que é real.

— Poxa Meg, que bom, você merece, pena que esteja tão longe.

— Pois é, preciso pensar nisso ainda.

— Tá bom, vou deixar você aí vivendo seu conto de fadas, e vou voltar para meu filme de terror. Até breve amiga

— Até, beijo.

Desligo e vejo duas mensagens.
Antony: me liga assim que ver essa mensagem.
Márcio: estou te esperando na livraria, quero que veja umas coisas. Ops. Morrendo de saudade.
Opto pela segunda opção, Antony vai ter que esperar. Desço e vejo uma rosa com um bilhete em cima do aparador, sorrio feito boba com a flor na mão, abro o pequeno papel.

Para meu amor sempre rosas e serenatas. Márcio.

  Saio pelas ruas, em busca do meu amado galanteador, mas me vem uma sensação ruim de que estou sendo observada por alguém, deve ser por estar em uma cidade pequena onde os moradores estão sempre na janela pondo as notícias em dia. Percebo um movimento estranho no fim da rua, e vejo que estão montando um palanque. Entro na livraria, Diana está debruçada em Márcio lhe mostrando uns papéis, meu alerta acende no mesmo instante que ela tenta levar a mão nos ombros dele, em sinal de intimidade. Entretanto, ele se levanta com o barulho da sineta e vem em minha direção com um sorriso de me tirar o chão.

Os Sonhos Que Ficaram Para Traz.Onde histórias criam vida. Descubra agora