Oi espero que tenham tido um ótimo natal, e um ano novo repleto se sonhos a serem realizados.
Assim que começo a descer as escadas, escuto o som da campainha na porta, pelas batidas aceleradas do meu coração sei que é Márcio.
— Boa noite, senhor Otavio. Como está dona Rita?
Ouço sua voz rouca e desço tentando não fazer barulho, mas assim que chego à porta, o ar parece faltar em meus pulmões. Márcio está de pé, lindo e perfumado, com um enorme buque de flores, que sei perfeitamente de onde foram colhidas. Ele se aproxima e me entrega sem perder meus olhos.
— Você não quis ir até a fazenda, então trouxe um pouquinho dela para você. O perfume das rosas se mistura ao dele e me sinto perdida com meus sentimentos à flor da pele.
— Márcio, são lindas! Você ainda cultiva? – Admiro o delicado arranjo de rosas.
— Sim, estão no mesmo lugar, como da última vez que esteve lá. – percebo o olhar curioso de dona Rita.
— Não sabia que cultivava rosas, realmente são magníficas.
— São especiais, dona Rita, essas rosas foram plantadas por meu pai. Quando descobrimos a doença em minha mãe, já estava em estágio avançado, e os médicos deram a ela pouco tempo de vida, meses para ser exato. Foi então que ela pediu a meu pai que plantasse uma roseira na janela do seu quarto para que ela pudesse acompanhar seu crescimento enquanto Deus lhe permitisse. Minha mãe viveu por mais cinco anos, e meu pai plantou um jardim com rosas de todas as cores para ela contemplar. Era como se cada roseira fosse uma lembrança dos momentos especiais que viveram juntos. Após a morte dela, ele não parou de cultivar as rosas, hoje existe um campo delas, meu pai dizia que momentos bons são eternos em nossos corações. – Dona Rita enxuga as lágrimas em sua face.
— Que lindo meu filho, seu pai amou muito sua mãe e eternizou esse sentimento através das rosas.
— Sim, por isso dizemos que essas rosas só são dadas ao amor verdadeiro. – ele me entrega o buque, inalo seu perfume sem que perdêssemos o contato visual e sinto meu coração querer sair pela boca.
— Vamos Meg?
— Claro. – entrego o buque à dona Rita.
— Vou coloca-las em um vaso e deixar no seu quarto, querida.
— Sim, por favor, dona Rita. – Lhe sorrio agradecida — Bom, já vamos papai. Juízo, hein? Voltamos logo. —pisco brincalhona para o casal.
— Minha filha, na nossa idade, juízo temos de sobra. Agora vocês, percam um pouco o juízo e divirtam- se.
Sorrio, meu pai agora deu para agir moderninho só para me ver constrangida. Márcio me dá espaço e saio acompanhada por dele.
— A noite está linda, vamos andando. – eu proponho quando vejo-o ir em direção à caminhonete.
— Por mim tudo bem. – Ele segura minha mão e me vejo a jovem apaixonada de anos atrás.
Caminhamos em silêncio. Por mais que eu queira, não consigo começar um assunto. Por tantas vezes imaginei estar aqui e agora que é tudo tão real, tenho medo de estar me iludindo. Paramos num carrinho de sorvete expresso e ele pede dois de creme.
— Está tão calada Meg. Pode perguntar, sei que deve estar cheia de dúvidas. – ele me entrega um sorvete e nos acomodamos no banco de pedra da praça.
— Por que você não voltou? -consigo falar, mas sem encarar seu olhar, talvez medo de escutar que ele se apaixonou por outra pessoa.
— Meg, você sabe que meu pai era minha única família. Quando ele adoeceu, fiz de tudo, busquei recursos médicos e tratamentos, até conseguir entender que seu mal era do coração. A falta que ele sentia de minha mãe era muito grande, ele disse que a missão dele estava concluída, de me criar e me ver tornar-me um homem honrado. Eu compreendi, mas mesmo assim foi um baque muito grande perdê-lo. E voltar pra cá, para deixar você partir de novo, acho que não tinha estrutura para isso, as lembranças estavam muito recentes, então resolvi concluir meus estudos em agronomia. Porém não foi o suficiente, queria algo que me trouxesse a sensação de estar perto de você, foi então que conheci um grupo de escritores e, como eu tinha os recursos disponíveis, começamos o projeto da livraria. Foi um desafio que me fez esperar a hora certa de poder de encontrar.
— Sei! – resmungo dando atenção ao sorvete.
— Mas você também não voltava para cá há muito tempo. – ele muda de assunto, percebendo que não estou satisfeita com sua resposta.
— Na verdade, no início eu vinha todos os feriados, na esperança de te ver, mas o tempo foi passando, e nada de notícias suas. Até que um dia encontrei aquela senhora que trabalhava na fazenda, Luísa, eu acho. Ela me disse que você estava bem, que havia passado uns dias aqui com uma moça muito bonita, e pareciam muito íntimos, ela chegou a dizer noivos. – esboço um leve sorriso para desfazer a tenção de minhas palavras. — Foi por isso que me afastei, sei que parece egoísmo, mas doeu muito te imaginar com outra, voltei para o campus e segui a vida.
— Eu pude ver isso com meus próprios olhos.
— Desculpe, não consigo entender suas palavras.
— Vou te esclarecer, assim que retornei definitivamente para cidade com o projeto da livraria concluído, a primeira coisa que fiz foi ir até a faculdade te ver, queria compartilhar meus planos com você, porém quando cheguei lá, vi você deitada no gramado com a cabeça no colo de um rapaz. Meg, você sorria tão leve e feliz, não tinha no olhar aquele peso que te fazia se esconder debaixo de roupas escuras e largas, você estava tão linda num vestido florido. Não tive coragem de estragar sua felicidade com meus planos ainda tão incertos.
—Márcio, você devia ter falado comigo, Alan era um bom amigo, que me ajudou a superar várias barreiras, nunca chegamos a ser namorados.
— Não foi o que me pareceu então, eu retornei pra cá, montei a livraria, pois não podia desistir e esperei que você voltasse e pudesse ver que eu nunca te esqueci.
Tento me manter forte mesmo desejando mais que tudo me jogar em seus braços. — A loja ficou linda, mas me conta, pretende mesmo montar uma editora?
— Sim, mas para isso preciso do apoio de algumas empresas. Que tal irmos até lá para conhecer o projeto?
— Creio que é tarde, deve estar fechada. – Ele me sorri e balança as chaves.
— Essa é uma das vantagens de ser dono, portas abertas a qualquer hora. Vamos?
Atravessamos a rua, ele desliga o alarme e me dá passagem enquanto acaba de destrancar as portas. Entro deslumbrada, a luz é fraca, mas posso ver a organização dos livros, deslizo os dedos admirando cada capa, como uma leitora apaixonada.
— Vem, quero que conheça um lugar. Ele segura minha mão, e caminhamos por um corredor, ele abre uma porta e entramos em um ambiente que parece um escritório, bem montado, mas o que chama minha atenção é uma estante repleta de pastas. Ele percebe minha curiosidade.
— São manuscrito para serem revisados.
—Nossa! É você mesmo quem faz isso?
— Não. Tinha uma amiga que cuidava da revisão, Edna, mas ela se desentendeu com Diana, a garota que cuida de tudo aqui, não entendi muito o problema, porém acabei ficando na mão.
— Sei, Diana né?
— Qual a bronca Meg? Diana me ajuda aqui desde que abri a loja, uma boa menina.
— Não, bronca nenhuma, só espero que ela seja melhor supervisora que atendente. Acho que ela não quer ser só sua amiga.
— Para de besteira, ela sabe que meu coração só tem uma dona. – ele me olha faceiro. Caminho até a estante e pego um dos manuscritos
— E como você está se virando?
— Taí o problema, não estou. Sou agrônomo, não entendo nada disso, com a saída de Edna, não consegui outra pessoa, e com esse contratempo meus planos de inaugurar a editora com esses livros ficou embargada.
— Eu poderia ajudar se quiser.
— Sério? - ele me sorri e quase derreto.
— Bom, não sou especialista, mas acho que posso ajudar, enquanto você encontra uma pessoa fixa. Só não entendi os manuscritos.
— A Edna gostava de ler assim primeiro, para depois revisar.
— Entendo, mas prefiro que me envie por e-mail, é mais prático, tenho programas que facilitam.
— Você que manda, vamos!
Seguimos até a saída e vejo um sorriso brincar nos lábios de Marcio, mas sou surpreendida por um vento gelado que me estremece. Márcio tira a camisa e me envolve, ficando apenas com uma camiseta branca, e me abraça pela cintura. Sua proximidade e o perfume faz com que meu coração dê cambalhotas em meu peito. A noite está linda, é tão bom permanecer perto dele, sem que eu note retornamos para casa. Resolvo romper o silêncio.
— Então, sem noiva?
— Sim, e você, sem namorado aguardando seu retorno? — apenas nego com a cabeça, vejo um sorriso estampar seu rosto, começo a me despir de sua camisa para devolver, mas dou um passo em falso e meu salto prende no paralelepípedo da rua me desequilibrando. Antes que possa cair, sinto as mãos de Márcio envolver minha cintura me deixando tão perto de seu corpo que posso ouvir as batidas de se coração. Ergo a cabeça, e nossas lábios estão tão próximos que nossa respiração se mistura. Não sei quem rompe a distância de nossos lábios, mas nos envolvemos em um beijo doce, cheio de amor. Ele se afasta delicadamente, desliza os dedos em meu rosto.
— Boa noite Meg, pode ficar com a camisa. É bom para não se esquecer de mim. – ele se afasta me deixando pasma, mas de repente suas palavras, não se esquecer de mim, me dá uma coragem que apenas grito seu nome.
—Márcio ...– ele se vira no momento que me jogo em seus braços e tomo seu lábios num beijo cheio de amor como se quisesse matar nele toda saudade que senti de estar em seus braços. Ele entrelaça minha cintura e corresponde com a mesma paixão. Como posso ter me enganado tanto? Nunca houve e nem haverá outra pessoa. É ele meu único e verdadeiro amor. Me mantém envolvida em seu abraço, como se desejasse que o tempo parasse aqui e só existisse nós dois. Busco seus olhos e encontro toda certeza neles.
— Eu nunca te esqueci, Márcio, por todos esses anos não teve uma única noite que meu coração não doesse de saudades suas.
— Também senti sua falta, minha Meg – ele acaricia meus cabelos e caminhamos de volta para o portão.
— Até amanhã, Márcio.
— Até Meg. – ele me beija novamente. — Entra, senão vamos amanhecer aqui no portão. – entro, mas só fecho a porta quando o vejo dar partida no carro, tranco a porta e me encosto nela, ainda de olhos fechados, sentindo o gosto dos lábios dele, seu cheiro. Abraço meu corpo envolvido por sua camisa e suspiro seu nome.
— Até que enfim se entenderam — arregalo os olhos com o susto.
— Pai! Estava me espionando? – falo inconformada.
— Claro que não filha, apenas cuidando do meu tesouro – ele me abraça.
— Ai pai, estou tão perdida.
— Que nada filha, você está seguindo seu coração, tá na hora de ser feliz bonequinha.Imaginação
Me dá um arrepio
Me ver longe de você
Eu tenho medo só de pensar
Em te perder.
Eu durmo e acordo
Pensando em você.
Estou te amando cada
Vez mais só de te ver.
Eu tenho medo,
De te fazer sofrer.
E o mesmo receio de
Me afastar de você.
O amor sempre me fez mal
Mais isso pouco me importa.
Quero aproveitar
Cada instante a sua volta.
Tenho medo do tempo
Muito rápido passar.
E nossa história de amor,
Pouco a pouco se acabar.
Você devolve a luz a meu sorriso.
E ilumina meu eterno abismo.
Não consigo me imaginar sem você.
Mesmo depois de tanto tempo,
Foi impossível te esquecer.
R.M.
Ai suspirando aqui, deixe sua opinião...
Beijos
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Os Sonhos Que Ficaram Para Traz.
RomanceMeg e uma garota sonhadora,mas cheia de traumas e lembranças do passado, muito romantica busca encontrar um grande amor, que deixou esquecido , porem depois de muitos anos romances inacabados que foram deixados para tras começam a reaparecer, em su...