21 lembranças

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Bom dia!!!

Acabamos o almoço, e admiramos a pequena Sofia lamber os dedinhos sujos de chocolate. 

— Vem, eu vou te ajudar a lavar – caminhamos para o banheiro, enquanto Priscila recolhe a louça.

— Pode deixar aí, Priscila, depois eu lavo — ela me ignora e continua.
Levo Sofia ao banheiro para lavar suas mãos e o rostinho melecado. No caminho para a cozinha ela para e entra na biblioteca.

— Que monte de livro né tia?
— É, eu gosto muito de ler, princesa.
— A Pri também, só que ela num tem nem nenhum. — ela levanta o dedinho mostrando.

— Licença, mas temos que ir – Priscila adentra e para admirada pelos livros.
— Você gosta? Pergunto vendo seu brilho no olhar.
Ela para em uma prateleira – Sério? Harry Potter!

— São de Antony, dei pra ele de presente mas acabou ficando comigo. Já leu? São ótimos. — ela sorri.

— Prefiro Romeu e Julieta. — vai para estante de romances.
— Também gosto, só acho meio triste.

— Mas a vida não é assim? Cheia de tristezas... — ela continua a dedilhar os livros.

— Muito depende de nossas escolhas Priscila. — ela me olha buscando entender, mas logo volta aos livros. Retira um e acaricia a capa olhando fixo para o título Nunca desista de sonhar. Na capa dois olhos verdes como os dela e um motoqueiro.

— Gostou desse? Chego mais perto e ela me entrega.
— Parece interessante.
— Fica com ele de presente, é uma bela história. – lhe entrego.

— Não posso aceitar, é seu. — ela tenta me devolver. Caminho até a escrivaninha, abro a gaveta e retiro outro igual — Tenho outro, eu conheço a autora. – ela segura o indecisa, mas aceita.

De repente escutamos o risinho de Sofia que nem percebemos sair. Corremos para sala, e nos deparamos com ela sentada no tapete brincando com Antony.
— Não vi você chegar Tony!
— Fui bem recebido por essa boneca. - ele faz cócegas nela enquanto ela rola pelo tapete.
Percebo o olhar de Priscila, meio perdido entre Antony e a irmã. — Bom, muito obrigada por tudo, mas temos que ir. Levanta, Sofia.

—Vocês não viram que está chovendo? – Antony se levanta e vai até a janela.
— Pode levar elas Tony?
— Infelizmente não. – ele balança a cabeça sem jeito.

— É claro que ele não pode, deve ter outros compromissos. — Priscila fala, mas vejo o arrependimento dela no mesmo instante.

— Calma olhos de esmeralda. É que não tenho carteira de carro, e moto é arriscado com essa pequena.  – ela abaixa a cabeça sem palavras.

— Ai desculpa, Tony, me esqueci! Então vamos, levo vocês. — recolho a chave do carro que permaneceu em cima da mesinha.

— Mas Meg, e suas entrevistas?  São quase três horas.
— Me esqueci totalmente – olho o relógio. — Espera! Vou ligar, e ver se eles agendam para amanhã.
Ligo e uma secretaria muito educada me atende. Concorda que pode ficar para amanhã às oito da manhã. Com a outra não tenho a mesma sorte, só haverá outra oportunidade daqui a trinta dias. É uma pena, mas não posso deixar duas meninas saírem debaixo de um temporal.

— Tudo bem, eu vou levar vocês. Só vamos esperar a chuva diminuir. – Priscila concorda e se senta perto de Sofia no sofá.
– Priscila, se quiser ligar e avisar para sua mãe ou seu pai que vamos demorar. Eles devem estar preocupados. — ela olha o aparelho de celular.
— Não precisa, nem devem ter dado por nossa falta. 
Me calo, mesmo com uma imensa curiosidade para saber o que está acontecendo na casa dela. Antony vai para cozinha e retorna com um pedaço de torta e duas bolas de sorvete no prato.

Os Sonhos Que Ficaram Para Traz.Onde histórias criam vida. Descubra agora