14 | Um diário perdido

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C A P Í T U L O -  Q U A T O R Z E:
Você nunca mais olhou para atrás

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Diário do jungkook

3 de marco de 1999,
Querido diário

Havia transcorrido algum tempo desde que me dediquei a registrar meus pensamentos neste diário. A ansiedade tornou-se insustentável, e a visão dele evocava uma nostalgia irrecuperável. Eu estava em frangalhos.

Com o passar dos dias, sinto um abismo se expandindo dentro de mim, um vazio que parece intransponível. Estou submerso na escuridão que ofusca minha visão, incapaz de enxergar além do azul profundo das lágrimas que vertem sem cessar. Minha mãe, assim como meu pai, demonstra preocupação, mas nem mesmo o mais afetuoso dos sorrisos poderia reacender qualquer faísca de alegria em meu ser agora.

A felicidade me é estranha, uma sensação que parece ter me abandonado há eras.

Os dias se estendem, transformando-se em um suplício interminável, e meu coração se contrai sob o peso de uma angústia avassaladora. Encontro-me desolado, pois Elisabete, inesperadamente, revelou seus sentimentos por mim.

Palavras me faltam, e ainda assim, permaneço mudo. Como há muito anos. Como responder sem causar-lhe dor? Mas meu silêncio já selou o destino da última centelha de sua alegria. Seu sorriso se extinguiu, como se nunca tivesse existido algo tão radiante quanto ela. Meus pensamentos ecoam, incessantes: como posso expressar-me sem feri-la com minhas palavras?

No entanto, já é tarde demais.

Meus pés agiram por conta própria, impelindo-me à fuga, sem permitir-me um último olhar para trás. Elisabete me perseguiu, sua mão encontrou meu pulso e o agarrou. O corredor estava demasiado sombrio para discernir seu rosto, mas eu sabia que estava marcado por suas lágrimas infindáveis.

Elisabete suplicou por algo, por mim.
E eu, mais uma vez, corri.

Desapareci como um covarde.
As vozes em minha mente se intensificaram subitamente, e o tumulto era ensurdecedor, como uma explosão em minha cabeça.

Fugi como um covarde até a porta, e por um instante, julguei ouvir a voz de Ethan. Mas era apenas uma miragem, uma ilusão. Meus pensamentos me traíram mais uma vez, e enquanto eu estav-

A última folha rasgou-se sobre meus dedos.

Algo atingiu minha janela, um objeto pequeno. Meus olhos se arregalaram, surpresos. Seria apenas um fragmento de minha imaginação?

Encolhi os ombros,
E então, aconteceu novamente: alguém lançava outra pedra contra a vidraça da minha janela. Quem seria?

Aproximei-me da janela, observando o céu nublado, prenúncio de chuvas iminentes, onde nenhuma estrela ousava brilhar.

Olhei para baixo e avistei uma menina, sua mão erguida, pronta para lançar outra pedra em minha direção. Mas antes que pudesse agir, ela me viu e me encarou espantosa

Era ela, a irmã dela estava ali.
Ela sorriu para mim, e aquilo me atingiu profundamente, pois ela me fazia lembrar você.
Ela acenou, como se me convidasse a descer e encontrá-la.

Meu coração acelerou, e eu corri pelo corredor de minha casa, como fazia na infância, enquanto minha mãe repreendia-me.

Meu pai estava na sala, absorto em seu jornal, sem compreender o que se desenrolava, assim como eu.

Girei a maçaneta e lá estava a garotinha.
Não era uma alucinação.
Ela estava presente.

— Olá! — ela sussurrou, como se cometesse uma travessura. Seus olhos refletiam temor. — Meu nome é Sofia. Você é o Jungkook? — Assenti, sem palavras para mascarar minha surpresa. Como ela  sabia meu nome? — Tenho algo importante para lhe dizer.

A última vez que ouvi tais palavras, os pesadelos tornaram-se frequentes.

Sofia prosseguiu:

— Não posso demorar-me aqui, peço desculpas. Meu pai ficaria irado comigo. — Ela falou apressadamente, tropeçando nas palavras. — Preciso que você guarde isto. — Ela me entregou um diário, muito semelhante ao meu. Olhei para ele, completamente confuso, e uma dor súbita apertou meu peito.

— Minha irmã falou muito sobre você uma vez.

Ela disse.
Ela havia ido embora.
Ela não retornou mais.

Aquele diário foi apenas o que restou em minhas mãos.

O céu estava nublado,
A chuva começou.

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NOTAS DA AUTORA:

Os próximos capítulos serão do ponto de vista de Violeta e de um ano atrás, como condiz com a data de seu diário.

A garota da JanelaOnde histórias criam vida. Descubra agora