17 | O balé da alma

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C A P Í T U L O -  D E Z E S S E T E:
Você consegue me ver?

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Diário da Violeta

17 de março de 1997,
Prezado Diário

Neste crepúsculo de um dia que se arrastou, exaustivo e repleto de tensões, sinto o peso do mundo em meus pés fatigados. A cada passo de balé, a cada pirueta e plié, meus músculos clamam por clemência, mas desistir é um verbo que minha mente se recusa a conjugar. Embora meu corpo rogue por repouso, minha alma, insaciável, anseia por mais — mais música, mais movimento, mais vida.

Ao retornar ao meu refúgio, a quietude não é uma opção. A música se torna meu mantra, elevando-se em volume até que todas as outras vozes do mundo se calem. Danço, talvez com uma graça desajeitada, e me atrevo a cantar, libertando minha voz em notas que talvez nunca alcancem a harmonia, mas que são sinceras em sua essência.

E lá está você, através da janela, uma silhueta diminuta e vulnerável. Seus olhos, tão frequentemente ocultos, não precisam buscar refúgio nas sombras. Não há necessidade de temor, pois minha mordida é apenas uma promessa de risos compartilhados. Perdoe minha audácia, mas é que seus mistérios me provocam um riso nervoso, um sorriso que não consigo conter.

Mesmo que você não saiba, cada passo de dança é um verso dedicado a você, cada melodia é um poema, cada palavra é um diálogo silencioso. Desejo ser a causa de sua curiosidade, a arquiteta de seus pensamentos, a artífice de suas confusões.

Desistir? Jamais. É uma possibilidade, mas nunca uma escolha. Minha resolução é clara: você é o pensamento constante, a arte invisível de minha dança.

Será que seus olhos podem me perceber?
Oh, meu garoto da janela,

Com fervorosa atenção,
Violeta

A garota da JanelaOnde histórias criam vida. Descubra agora