20 | A canção da chuva

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C A P Í T U L O -  V I N T E:
Ouça o som da minha voz

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Diário da Violeta

10 de abril de 1997,
Prezado Diário

Os dias pluviais sempre me encantaram, com a chuva descendo dos céus e a terra exalando o perfume da grama molhada. Até os relâmpagos com seu espetáculo elétrico, me fazem exultar em êxtase, desenhando sorrisos tão amplos que chegam a tensionar minhas faces.

Na infância, mamãe tecia contos de assombrações enquanto nos deleitávamos com doces caseiros. Eram momentos tão preciosos que eu rogava ao tempo que se eternizasse. Era apenas eu e ela, um universo inteiro em nossa pequena cozinha.
Antes de Sofia nascer é claro, completamos um time perfeito.

Hoje, a tempestade se anunciou com fúria, o céu rugindo em um concerto temível. A escuridão se adensava, e os relâmpagos rasgavam o véu da noite, ameaçando despedaçar o firmamento. Mas eu não temia; se o céu desejava vociferar sua dor, que assim o fizesse! Que suas lágrimas banhassem a terra e lavassem as mágoas do mundo!

Foi então que um soluço me alcançou, um lamento abafado, mas perceptível. Aproximei-me da janela e lá estava você, submerso em pranto, as mãos cobrindo os ouvidos, o corpo balançando em desespero. A impotência me invadiu; enquanto para mim a chuva era motivo de júbilo, para você, parecia ser um prelúdio de horrores.

Em meio à confusão de meus pensamentos, emergiram as memórias das canções de minha mãe, melodias de consolo para os momentos de tristeza e temor. Sem saber como, senti-me leve, e uma centelha de felicidade brilhou em meu peito.

Ouça o som da minha voz,
Meu garoto da janela.

Sua,
Violeta.

A garota da JanelaOnde histórias criam vida. Descubra agora