22 | Dores intocáveis

591 116 37
                                    

━━━━━━━━━━━
C A P Í T U L O -  V I N T E -  E  - D O I S:
Ele vinha para vingar

━━━━━━━━━━━━C A P Í T U L O -  V I N T E -  E  - D O I S:Ele vinha para vingar

Ops! Esta imagem não segue nossas diretrizes de conteúdo. Para continuar a publicação, tente removê-la ou carregar outra.

Violeta

27 de Abril de 1997

A chuva era tão graciosa lá fora, que suava como música. Eu gostaria de compor algo com isto.

- Filha, ocorreu algo? - indagava minha mãe, postada ao meu lado com um vislumbre de apreensão a adornar seu semblante. Uma mulher cuja face denotava cansaço, mas ainda assim, deslumbrante.

- Não, apenas desejava bebericar um pouco de água, estava em pleno exercício. - A falsidade escorregava por entre meus lábios; não almejava inquietá-la. Com tantos eventos tumultuando nossas existências, recusava-me a ser mais um obstáculo, mais um fardo, embora já o fosse. Direcionei meu olhar à mamãe e percebi sua concordância, ainda que pairasse sobre ela a sombra da desconfiança.

- Certo, se necessitar de algo, acione-me. - Proferiu ela, depositando um ósculo em minha testa antes de se retirar, deixando-me a sós na cozinha, a contemplar o cálice aquoso em minhas mãos.

Por que tudo deveria ser tão patético e, simultaneamente, tão intrincado? A existência seria simplória se pudéssemos desfazer as asneiras cotidianas. Se me fosse concedido alterar aquele dia, teria reescrito cada ato, cada palavra. Consumida por irá, tristeza, carência e solidão, eu desmoronava, e não havia quem pudesse resgatar-me.

Como revelar tal notícia? De que maneira encarar minha mãe e irmã? Como fitar-te? Não passava de uma jovem desesperada, suplicando por auxílio, mas ignorada ou fingidamente não percebida.

O som do meu celular irrompeu o silêncio, pousado sobre a mesa, despertando minha atenção, instigando-me sobre quem me procuraria àquela hora. No entanto, apenas um nome me ocorria.

- Morgan. - Atendi, com voz exausta, o corpo ainda trêmulo após horas de dança.

Sou eu. Como adivinhou -
Inquiria meu amigo, sua tonalidade vocal espelhava minha melancolia, embora ele tentasse mascarar seu bem-estar.

- Eu apenas sei que é você. - sorri, embora soubesse como um sorriso infeliz. - Estou cansada.

O que aconteceu? Estás a ter crises novamente? -
Ele questionava, imbuído de preocupação.

- Não recentemente, apenas hoje me sinto... sob tensão. - Voltei meu olhar, certificando-me de que ninguém me escutava ou aproximava-se do aposento.

Deseja um encontro? -
Morgan sugeriu. -
Ou então eu posso ir até-

NÃO!

A garota da JanelaOnde histórias criam vida. Descubra agora