Com os olhos marejados de lágrimas, Arianne chegou à COOPIETRO acompanhada de Hudson.
– Mamãe, o desgraçado do Miguel preparou uma aula pra ofender o Henrique e a Hellen por conta das postagens do Amyltão Escancarado. Eles ficaram magoados e saíram da sala. O filho de chocadeira chamou o Henrique de tiziu e orangotango. Eu saí pra consolá-los, mas o demônio do professor me pegou pelas orelhas. Me chamou de negrinha, mulata delicinha da bunda grande e que se não fosse casado, me daria um trato na cama. Ele me assediou, mamãe. Disse que ligaria pra você pra contar o que aconteceu comigo. Ele tomou meu celular, o quebrou e me jogou no chão. Quando tentei me levantar, ele me deu um tapa – disse Arianne, chorando.
– Eu gravei toda a agressão com a câmera do celular – disse Hudson, mostrando o vídeo à Mariana.
– Maldito! Ninguém encosta a mão na minha filha! Esse Miguel vai saber com quantos paus se faz uma canoa. Nani, a gente vai agora pra Secretaria de Educação e você, Hudson, vai acompanhar a gente como testemunha – gritou Mariana.
Mariana, Arianne e Hudson entraram no prédio do Centro Administrativo, pegaram o elevador e pararam no sétimo andar, onde funcionava a SEMED. A mãe da aluna agredida falou com a recepcionista:
– Bom dia, meu nome é Mariana e sou mãe de Arianne, a menina que me acompanha. Gostaria de falar com a secretária de Educação pra fazer uma queixa contra um professor, que proferiu declarações racistas, assediou sexualmente minha filha e a agrediu.
– A secretária não se encontra no momento e mesmo que estivesse, só atende com horário marcado – respondeu Rose, a recepcionista da prefeitura.
– Como faz pra ter uma agenda com ela? - perguntou Mariana.
– A senhora pode adiantar o assunto? – perguntou Rose.
– Já disse qual é o assunto, minha filha – disse Mariana, subindo o tom de voz. Se ela não pode atender, tem que ter algum técnico da secretaria que possa resolver este problema. Se você não entendeu, vou repetir: Um porco arrombado, que se diz professor, proferiu insultos racistas contra minha filha e a assediou sexualmente.
– Sugiro à senhora que resolva a questão com a direção – respondeu Rose.
– Acontece que o professor é marido da diretora. Se fizer a queixa pra ela, não vai acontecer nada – afirmou Mariana.
- Não há nada que eu possa fazer com a senhora – respondeu Rose, com desdém – Se a senhora der licença, eu vou sair pro almoço. Passar bem e boa tarde.
Mariana, Hudson e Arianne saíram da prefeitura decepcionados.
– Que funcionária ríspida – comentou Hudson.
– Ela é comissionada, daquelas que fez campanha pra Jalmir e ganhou o cargo em troca – respondeu Arianne.
Próximo à prefeitura, funcionava a sede do portal Pietro Tabachi em Foco. Arianne foi lá. Fernanda, a editora-chefe a recebeu com indiferença, olhando-a de alto a baixo:
– O que você quer?
– Eu fui agredida e assediada sexualmente pelo professor e assessor de imprensa da Prefeitura de Pietro Tabachi, Miguel Menezes e quero denunciar isso ao portal. Tenho vídeo que comprova a denúncia – disse Arianne – Há algum repórter que possa me atender?
– Meu nome é Fernanda e sou editora-chefe do Pietro Tabachi em Foco. Você têm que preencher um formulário e relatar a sugestão de pauta. A gente vai avaliar e havendo interesse do portal, entraremos em contato. Nossos repórteres estão muito ocupados. É assim que funciona.
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Os senhores da fome [COMPLETO]
Teen FictionNa cidade fictícia de Pietro Tabachi, situada no norte do Espírito Santo e colonizada por italianos, havia uma escola chamada Amylton Dias de Almeida que tinha graves problemas estruturais e pedagógicos. Arianne e Henrique são dois adolescentes negr...