Os professores da rede municipal de Pietro Tabachi fizeram um protesto contra o atraso de três meses de salários. De caras pintadas, vuvuzelas, apitos e falando palavras de ordem, os docentes percorreram as principais ruas da cidade.
Ao passar pelo Centro, os mestres distribuíram panfletos nas lojas e um caminhão de som, pago pelo Sindicato dos Professores de Pietro Tabachi(SINPROPT), tendo ao fundo a Marcha Fúnebre, de Chopin, expôs a real situação do magistério:
– Atenção! Os professores da Rede Municipal de Ensino de Pietro Tabachi, reunidos em assembleia, decretaram greve por tempo indeterminado a partir de hoje, dia 11 de junho, em virtude do atraso de três meses em seus salários. Pedimos o apoio da população na defesa do ensino público, gratuito e de qualidade.
Jalmir Barreira, ao tomar conhecimento do movimento paredista, baixou um decreto proibindo que os professores façam reclamações em público em relação a atrasos salariais ou façam manifestações durante o expediente ou fora dele. Quem descumprisse a determinação, seria submetido a um Processo Administrativo Disciplinar (PAD), que poderia terminar em demissão.
Joanna, além de professora do Amylton, era uma das lideranças do sindicato. Ao tomar conhecimento do decreto, falou no microfone indignada:
- Jalmir Barreira pensa que estamos num regime de exceção. Trata-se de mais um instrumento de coação dos servidores. Estamos num Estado democrático de direito. Ataca os direitos à liberdade de expressão e de opinião.
Jalmir, em entrevista à Piraqueaçu FM, alinhada à atual administração, justificou o decreto da mordaça:
- Creio que os professores tão na razão deles em reivindicar seus salários em dia. Contudo, a questão deve ser tratada internamente. E não com um protesto com carro de som, panfletagem, porque isso mancha a imagem desta administração e isso pode repercutir até nos veículos de comunicação nacionais e aí, sou obrigado a tomar medidas enérgicas, que não são boas pro magistério. Professores, se estiverem me ouvindo, peço encarecidamente que retornem às salas de aula e segurem as pontas um pouco. Quando der, vamos acertar os salários. Do contrário, vamos entrar na justiça pra decretar a ilegalidade do movimento, pois a educação é um serviço essencial e essa greve tem viés político. As crianças e adolescentes querem estudar e vocês sempre caçam uma desculpa pra entrar em greve. Quem avisa, amigo é.
No Centro, o protesto docente continuava.
– Companheiros, soube de fonte segura que Jalmir Barreira vai inaugurar o Parque de Exposições, marcando a abertura das comemorações dos 120 anos de emancipação política da cidade. Vamos pra lá cobrar o que é nosso por direito – disse dona Olga, segurando o microfone.
No novo equipamento público, Flávio Campos, locutor oficial da Prefeitura, falava:
– Neste momento, se inicia a solenidade de inauguração do Parque de Exposições Gian Paolo Garbocci. Solicitamos a presença do senhor Umberto Barreto, presidente do Sindicato Rural de Pietro Tabachi e o senhor Hugo Peçanha, presidente da Câmara Municipal de Pietro Tabachi para o desenlace da fita.
A fita foi cortada. O locutor prosseguiu:
– Convidamos a todos que entrem ao recinto do parque de Exposições para o descerramento da placa pelo senhor prefeito, Jalmir das Neves Siqueira Barreira e pela senhora Aparecida Maria Garbocci Moreira, filha de Gian Paolo Garbocci. Emocionada, ela disse:
– Com muita felicidade, a família Garbocci recebeu a notícia de que este parque levará o nome do homem que tanto colaborou com o crescimento desta cidade. Onde quer que ele esteja, deve estar muito feliz com tal honraria.
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Os senhores da fome [COMPLETO]
Teen FictionNa cidade fictícia de Pietro Tabachi, situada no norte do Espírito Santo e colonizada por italianos, havia uma escola chamada Amylton Dias de Almeida que tinha graves problemas estruturais e pedagógicos. Arianne e Henrique são dois adolescentes negr...