21 | A casa caiu!

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Eram cinco da manha. O Sol ainda não nasceu e a Lua rei­nava plena no céu de Pietro Tabachi. A rotina daquela pa­cata cidade do interior do Espírito Santo seria quebrada com a chegada de doze viaturas da Polícia Federal, acompanha­das de outras seis viaturas do Batalhão de Missões Especiais da Polícia Militar, que vieram para cumprir mandados de prisão temporária, busca e apreensão e condução coercitiva.

Os federais foram às casas de Jalmir Barreira, Jalmir Júnior, Juarez, do dono do Frigorífico Trindade, Eurípedes Trindade para cumprir os mandados de prisão temporária e busca e apreensão, que também foram executados nos escritórios destes na prefeitu­ra.

Trinta diretores de unidades escolares e os agricultores familia­res Alcimar Berger, Wilmar Gottardi e Joelma Cassani fo­ram conduzidos coercitivamente para a sede da Superintendên­cia da PF, em Vila Velha, onde também houve apreeensão de do­cumentos e computadores.

Aristomar, como de costume, reduziu a família Barreira a pó de traque no editorial da edição extra do Correio Tabachiano:

 Aristomar, como de costume, reduziu a família Barreira a pó de traque no editorial da edição extra do Correio Tabachiano:

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O diálogo de Júnior e Juarez foi divulgado pela Polícia Fede­ral e repercutida pela imprensa regional. Josué Tedesco, comenta­rista político da TV Vitoriense e Rádio RBN, duramente criticou a família Barreira:

Queima de arquivo. Era o que propunha o filho do prefeito de Pietro Tabachi, Jalmir Barreira, Jalmir Júnior, em relação ao acervo documental referente às prestações de contas das verbas federais que sua finada irmã afanara para bancar seus luxos, segundo o deputado estadual Fábio Brito, candidato a prefeito derrotado nas eleições do ano passado e adversário político do prefeito.

Era preciso destruir as evidências das falcatruas da Karine, pois pode­riam sofrer fiscalização do Tribunal de Contas da União e do Ministério Público Federal.

Se outrora, a família Barreira dizia que as acusações de corrupção eram intriga da oposição e dos veículos a ela associados, o áudio da con­versa do filho do alcaide com o coordenador do setor que deveria fiscalizar a utilização do dinheiro da União para a compra de merenda mostrou a existência de um consórcio criminoso familiar, disposto a rapinar dinhei­ro público.

Palmas para a Polícia Federal, que rapidamente desbaratou o esque­ma criminoso, para o bem das crianças e adolescentes daquela cidade, que poderão comer dignamente sua merenda escolar.

Geraldo Mansur, comentarista político do Jornal Atual, da Rede Esfera, exibido de segunda a sexta, às 13:20, esmigalhou o clã Barreira:

Quanto mais longe dos centros urbanos, o patrimonialismo e o corone­lismo imperam. Não me refiro à nenhuma cidade do agreste de Pernam­buco ou do sertão da Bahia, mas de Pietro Tabachi, uma cidade fundada por imigrantes italianos há 120 anos, a uma hora e meia de Vitória, capi­tal do Espírito Santo.

A cidade é governada por Jalmir Barreira, que pôs a parentada toda em cargos estratégicos: a esposa, na Ação Social e a filha, que falecera há poucos dias, na Educação e fora substituída por outro filho, Jalmir Júnior.

Pairam sobre a família Barreira sérias acusações de desvio de recursos da merenda escolar, os professores estavam há três meses com salários atrasados e pasmem os senhores e as senhoras, baixou decreto proibindo os docentes de fazerem reclamações a respeito da falta dos seus vencimen­tos em público.

Ademais, o Odorico Paraguaçu do norte capixaba, seu filho e seus ca­pangas têm atacado veículos de comunicação que tragam notícias desabo­nadoras a seu respeito. Dias atrás, eles vandalizaram a Rádio Laranjal FM, destruíram a torre de retransmissão da TV Vitoriense, afiliada da Esfera no Espírito Santo, puseram fogo no Correio Tabachiano, jornal de oposição à atual administração e compraram todos os exemplares da edi­ção do jornal O Vitoriense, que denunciava o esquema criminoso da filha do alcaide, que patrocinava seu luxuoso estilo de vida às custas das propi­nas nas compras superfaturadas de produtos da agricultura familiar.

Espera-se que a família Barreira e seus cúmplices continuem sob cus­tódia, sejam processados e condenados à prisão e à perda de seus bens, para serem leiloados e o lucro auferido seja vertido ao erário pietrotaba­chiano.

No fim da tarde, houve uma reunião na casa de Arianne para a organização de um protesto pacífico que passaria pelas ruas do Centro da cidade, contra a corrupção e os desmandos da família Barreira. O movimento foi denominado Acorda Pietro Tabachi.

No dia seguinte, 20 de junho de 2013, ocorreriam manifesta­ções pelo país, cobrando o fim da corrupção e melhorias nas áreas de saúde, segurança, educação e transporte coletivo.

- Nossa manifestação será pacífica, ordeira, suprapartidária e suprarreligiosa. A luta pela moralidade e o combate à corrupção independe de credo ou orientação política. Não dá mais pra ver a família Barreira envergonhar nossa cidade em rede nacional por conta de suas falcatruas, que só prejudicam as crianças e adoles­centes mais pobres. Enquanto isso, os bonitinhos tão lá no quar­tel da Polícia Militar, em Vitória, com todas as regalias, por conta do foro privilegiado. Isso tem que acabar – disse Mariana.

– Quem faz a lei são os políticos. Esses calhordas só fazem leis em causa própria ou daqueles que os patrocinaram – protestou Aristomar.

– Amanhã, a gente vai pôr o pé na rua e gritar: Fora Jalmir, seu tempo acabou! - afirmou Arianne.

Os senhores da fome [COMPLETO]Where stories live. Discover now