Apesar de estar detido no Quartel do Comando-Geral da Polícia Militar, em Vitória, Jalmir Barreira despachava dali. Ele, por meio da Procuradoria-Geral do Município, acionou judicialmente o movimento Acorda Pietro Tabachi, para que este último se abstivesse de fazer manifestações e obstruíssem as vias da cidade.
A municipalidade alegou o temor que o movimento, além de causar transtornos à população em virtude da obstrução das vias, acabasse em vandalismo aos próprios da municipalidade e de particulares. Por trás da pretensa preocupação com a destruição de bens, havia o desejo de criminalizar um movimento popular e pacífico.
Na limitada visão do alcaide, manifestação boa é aquela que não o desabona. Do contrário, é uma horda de baderneiros. Jalmir deixou que o poder subisse à cabeça de tal maneira que se sentia o senhor feudal de Pietro Tabachi e os moradores eram seus vassalos. Agia assim como ditador. Acreditava no servilismo do Poder Judiciário.
Contudo, o Poder Judiciário capixaba, através do doutor Kléber Latavanha, juiz substituto da cidade, rechaçou esse estrupício jurídico, reconhecendo o direito à liberdade de manifestação, garantido pela Carta Magna, sendo inadmissível um protesto sem transtornos, porque estes dão visibilidade a manifestações pacíficas e democráticas.
O magistrado, na sentença indagou ao prefeito: Por que o Excelentíssimo Senhor Prefeito de Pietro Tabachi, Jalmir das Neves Siqueira Barreira, em vez de acionar judicialmente os protestantes, não os chamou para ouvir suas demandas e avaliar a viabilidade de atendê-las?
A decisão foi encaminhada à prefeitura, com cópias às Polícias Civil e Militar, Guarda Municipal, Ministério Público do Estado do Espírito Santo e Defensoria Pública.
O PRT, o partido de Jalmir, a seu turno, apoiava as manifestações, desde que estas fossem pacíficas, que não houvesse a depredação de patrimônio público e privado e o direito de ir e vir fosse respeitado.
Em virtude do protesto, o comércio daquela cidade liberou os funcionários às 16:00, assim como as repartições públicas e escolas. Os vereadores da base governista foram pessoalmente na prefeitura e outras repartições para passar o recado de Jalmir que se os funcionários comissionados participassem do movimento, seriam despedidos da prefeitura.
– Quem for visto nesta passeata, será demitido – afirmou o vereador Lúcio Regattieri.
Os manifestantes se concentraram em frente ao Teatro Municipal, e saíram dali, carregando várias faixas:
YOU ARE READING
Os senhores da fome [COMPLETO]
Teen FictionNa cidade fictícia de Pietro Tabachi, situada no norte do Espírito Santo e colonizada por italianos, havia uma escola chamada Amylton Dias de Almeida que tinha graves problemas estruturais e pedagógicos. Arianne e Henrique são dois adolescentes negr...