Capítulo 5

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Entraram no quarto, Henrique logo tratou de sair pois, segundo ele não queria fazer parte daquilo. O médico logo começou o seu trabalho, tratou das feridas e chamou pelo senhor Henrique pedindo-lhe para chamar o Barão de Lajedos.
O Barão chegou apressadamente, assentou-se na poltrona ao lado da cama e o médico disse:

- Senhor este homem poderá no melhor dos casos acordar daqui a dois dias ou no pior falecer a qualquer instante, o tiro que ele levou por sorte não atingiu nenhum órgão vital e já retirei a bala, o que me preocupa é a pancada na cabeça, agora é só rezar e aguardar para ver como o corpo reagirá ao remédio que lhe dei.

O Barão não ficou surpreso com a gravidade da saúde do homem mas também com um dos únicos atos de compaixão que teve na vida, deixou com que o homem ficasse na casa grande para que melhorasse ou morresse e se o homem melhorasse e acordasse daria um jeito para  lhe cobrar pela estadia e pelos custos médicos. O médico já havia ido embora, o Barão fechou a porta do quarto do homem e foi enfim deitar-se.
Na manhã do dia seguinte começaram os preparativos para a chegada do dia do batizado da sinhazinha Helena, os escravos foram para as lavouras de café e cana de açúcar. O capataz tornou a se encontrar com Josefa em meio ao canavial, mas desta vez ela foi ao encontro perguntar a ele como era o dito homem misterioso encontrado perto do Córrego do Ouro, mas o capataz esbravejou-se de ciúmes e recusou-se a falar a respeito do homem. Josefa disse que estava apenas curiosa e logo se entregou-se nos braços do capataz para não perder as regalias que ele lhe dava. Passaram-se alguns minutos e eles ouviram gritos do pai de Josefa a procura dela, ela logo se veste, amarra os longos cabelos e sai do canavial, quando se depara de frente com seu pai.

- Jusefa, o que vosmecê tá fazendo adentro do canaviá? Vosmecê não sabe que moça casta como vosmecê não pode ir pra essas banda?, disse Antônio.

- Eu vi uma cobra pro esses mei, tava querendo matar ela, eu inté deixei pra lá pruquê não achei, disse Josefa.

O pai de Josefa nem desconfiou do que realmente estava acontecendo, os dois foram pra lavoura de café como de costume, o capataz vendo que os dois saíram também foi continuar seus afazeres.
Na casa grande, Henrique observava o homem deitado e sua mente perversa só lhe desejava o pior, mas sabia que não podia fazer nada, logo que seu pai tinha gastado muito com aquele homem e haveria de ficar furioso se o matasse. O senhorzinho logo saiu e foi em direção à cozinha onde a escrava Rosa Maria cuidava dos afazeres.

- Ora que temos aqui um filhote de negro que nasceu para ser chicoteado e  pisado por mim, disse Henrique olhando para João.

Rosa Maria escutou mas não podia dizer nada pois sabia que o senhor Henrique era o filho da Baronesa e uma única palavra dita e mal interpretada lhe custaria os dentes. Apenas saiu com a criança levando-o em direção à senzala.

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