Capítulo 2

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Chegando no meio do Canavial, a escrava Josefa e o capataz Atevaldo se encontraram e no mesmo instante já começaram a se beijar e trocar carícias, o que eles não sabiam era que o senhorzinho Henrique estava escondido e presenciando toda aquela cena. Ele vendo aquela cena conheceu um mundo novo, o qual ele ainda não conhecia e esta nova descoberta causaria muito sofrimento a várias pessoas, pois para satisfazer o próprio ego passaria a usar as pessoas sem se quer pensar em sentimentos.
Passaram-se alguns minutos e o capataz voltou para a Fazenda, afim de evitar que sentissem a falta dele. Josefa saiu em direção ao córrego do ouro para lavar-se, sem se contentar o senhorzinho Henrique saiu em disparada em direção ao rio e ficou atrás de uma moita observando a escrava banhar, até que ela terminou amarrou os longos cabelos negros e seguiu em direção à casa grande, Henrique seguiu para o mesmo destino porém por outro caminho.
  Já na casa grande, chega o comendador Sebastião com sua esposa e sua filha Aurora, recebidos pela condessa Cristina, ela manda eles se assentarem e pede para uma escrava trazer-lhes aperitivos.

- Quantas saudades estava de vocês meus queridos, disse a condessa.

- Viemos tratar o casamento entre nossos filhos e aproveitar e conhecer a vossa filhinha Helena, respondeu a esposa do comendador.

Nesse instante, descendo as escadas do casarão, o Barão dá uma gargalhada de alegria ao rever os amigos, deixando de lado a amargura que ele aparentava ter.

- Então, o senhor comendador resolveu vir enfim acertar o casamento entre nossos filhos. Pois que seja assim que Henrique completar 18 anos, disse o Barão.

- Que seja meu amigo, Aurora terá 16 anos, uma boa idade para casar- se, respondeu o comendador.

Estava ali arranjado o casamento de Henrique e Aurora, para benefício das duas famílias, Bittencourt e Resende que queriam manter o sangue nobre na veia de seus descendentes. Aurora apesar de nova, já aparentava sentir carinho e afeto por Henrique e este não demonstrava nada além da frieza de sempre.
Era tarde e a família Bittencourt partiu em direção à Cruzeiro do Sul afim de evitar a bandidagem pelo caminho. Já por volta das 19 horas foi possível ouvir da senzala batuques e música, vendo tamanho barulho o Barão esbravejou-se.

- Ora, eu já proibi aqueles negros de fazerem feitiçaria em minhas terras.

Ele pediu para que o Capataz fosse até a senzala e açoitasse o escravo que estivesse tocando o tambor e cantando aquela música. Chegando na senzala, Atevaldo mandou que parasse com a feitiçaria pois era proibido pelo Barão e perguntou quem era o responsável pelos batuques.

- É a apresentação de meu filho para nosso povo, disse Feliciano.

Sem pensar duas vezes, o capataz pegou Feliciano pelos braços e o arrastou  em direção ao tronco, o amarrou e chicoteou muito. Houve choros de todos da senzala pois, apesar de ser comum escravos irem ao tronco, Feliciano era muito querido por todos, além de estar apenas seguindo o rito de seu povo.

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