Capítulo 8

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Amanheceu e logo pela manhã todos estavam ansiosos pelo batizado da sinhazinha Helena, na cozinha era um corre corre para lá e pra cá pois estavam sendo preparadas diversas bebidas e comidas.
A última carruagem de parentes da família a chegar fora a do irmão da Baronesa, juntamente com sua esposa e a filha do casal, Julieta que tinha 15 anos. Essa menina, prima de Henrique, de alguma forma atraia a atenção do senhorzinho, mas ela somente tinha interesse nos estudos e não via o senhor Henrique com bons olhos.
Fora a família, não parava de chegar convidados e o Padre Cícero já havia chegado há pouco tempo. O local do batizado estava lindo, enfeitado com rosas brancas e a cor do céu só aperfeiçoava ainda mais o lugar. A senzala estava vazia, pois apesar De ser festa para os nobres ainda era dia de labuta para os escravos. Josefa já estava trabalhando na colheita do café, bem longe do casarão, ordens expressas da Baronesa que não queria se quer ver a cara da dita.
O batizado já estava acontecendo, Daniel estava entre o povo, olhava para os quatro cantos, se sentia vigiado e confuso em meio a tanta gente, até que, a poucos metros de distância, com o reflexo do sol vindo em direção aos seus olhos verdes pode ver a silhueta de uma moça que lhe chamou muito a atenção, ela estava de vestido amarelo, cabelos castanhos escuros e preso, tinha o mais belo sorriso dentre todas as moças que ali estavam, ela bebia vinho juntamente com uma outra moça que certamente era uma amiga ou irmã. Daniel se sentiu atraído pelo sorriso cativante da moça, até que, surgiu um rapaz que tinha em média dos 20 anos, tampou os olhos dela, ela virou-se e ele lhe beijou. Era aquilo o amor que o senhorzinho Henrique havia lhe dito há alguns dias? Aquela cena mexeu muito com a cabeça do jovem.
Na cozinha, Henrique pegou o sonífero em que havia trocado com a benzedeira e despejou em um copo com suco, mexeu com uma colher e saiu em direção à sala.

- Querida prima Julieta, quero lhe mostrar algo que reformamos na senzala, aceite esse suco para refrescar-se enquanto chegamos lá, disse Henrique.

Ele com olhar de sinceridade, passou credibilidade para Julieta, que queria muito reformas nas senzalas a fim de melhorarem as condições de vida dos escravos. Os dois saíram em direção à senzala, ela já estava tomando o suco sem imaginar o que lhe aguardava. Após alguns minutos chegaram no local.

- Henrique, não estou me sentindo bem, me leve ao meu pai, disse Julieta já caindo ao chão.

Henrique pegou-a pelo colo e a colocou encima da mesa junto aos santos católicos que estavam na senzala, quando tentou despir a jovem e beijá-la, ouviu passos vindo na sua direção, ele rapidamente tentou disfarçar e em um descuido deixou cair dois santos que estavam encima da mesa, estes que se espatifaram no mesmo momento.
Era o capataz Atevaldo que ao ver a menina desfalecida encima da mesa perguntou o que tinha ocorrido.

- Ela estava vindo ver onde os nossos escravos dormiam e do nada caiu ao chão, eu a coloquei aqui encima para não sujar a roupa de terra, disse o senhorzinho Henrique com firmeza.

O capataz chegou perto da mesa e vendo os santos quebrados no chão percebeu que entre os cacos estava alguns objetos utilizados nos rituais dos escravos. Para ter certeza do que estava vendo, pegou os outros santos e olhando por baixo deles, viu que todos estavam furados e com objetos dentro. Ele ficou furioso, pegou a menina no colo e pediu para o senhorzinho Henrique ficar lá de olho para que nenhum escravo mechesse nos objetos. O capataz saiu com a jovem nos braços em direção à casa grande.

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