Henrique pegou a carta, correu para o quarto e fechou a porta.
- Satisfeito?, disse a baronesa.
- Desculpe-me senhora mas precisava tirar a culpa das minhas costas, respondeu-lhe Daniel que saiu de volta à senzala.
A noite não demorou a passar, logo os galos começaram a cantar e já era um novo dia. Cristina não conseguira se quer pregar os olhos e ao amanhecer, correu para a porta do quarto de Henrique.
- Filho, vamos abra esta porta, vamos conversar?, disse ela um pouco incomodada.
Somente o silêncio se fazia presente, então a baronesa chamou Feliciano para arrombar a porta do quarto. Ao derrubarem a porta, Henrique não se encontrava no quarto, apenas um bilhete que estava em cima da cama.
- "Não consigo suportar a dúvida, tudo que nos envolve me entrelaça em uma teia de pensamentos que me deixa louco. Preciso esclarecer e me redescobrir, necessito de verdades em minha vida. Espero um dia conseguir perdoar-te mãe, são erros em cima de erros, acho que no fundo somos iguais na frieza e amargura. Vou em busca da verdade, ouvir o outro lado da moeda, ouvir o que o meu suposto pai tem a dizer e vingar-me de todas as mentiras. Henrique C. Resende.".
Cristina não disse se quer uma palavra, apenas ordenou que o escravo colocasse a porta novamente no lugar e que chamasse Daniel, pois ela queria conversar com ele.
- Depois de toda essa bagunça que você causou em minha família, preciso que você me dê motivos para permitir a tua estadia em minhas propriedades, então, vá atrás de Henrique mas não deixe que ele o perceba, apenas se assegure que ele fique bem e que nenhum mal o aconteça, caso contrário pode esquecer de estadia e saiba que vou te procurar até no inferno para me vingar. Disse a Baronesa com tom de arrogância.
Daniel então arrumou algumas coisas que poderia precisar e a escrava Rosa Maria lhe entregou uma marmita para comer durante o meio dia.
- Não somos tão grudado, mas vosmecê carece de um armoço pra pudê cumê mei dia. No camim pras provinça de chumbo (Os escravos chamavam Jucuruçu de Chumbo) vosmecê vai achá fruita pros outro dia de viage. Disse a escrava Rosa Maria.
- Obrigado Rosa, muita gentileza de sua parte. Respondeu Daniel.
Ele montou em um dos cavalos ao qual a baronesa disponibilizou e foi até a casa de Carlota para poder conversar com a donzela, mas ao chegar próximo da moradia da moça, pode ver alguns cavalos já na frente, eram do noivo de Carlota. Ele desmontou e foi pelos fundos, chegou próximo a janela e pode escutar os pais de Carlota acertando o casamento da donzela.
Daniel percebeu que teria apenas dois meses para convencer a sua amada a fugir, ou então perderia o amor de sua vida, a qual ele descobriu a tão pouco tempo o verdadeiro significado da palavra amor.
Aquilo era apenas mais um alavanque para que Daniel cumprisse a sua missão o mais rápido possível, não existia tanto tempo assim para desperdiça-lo, montou no cavalo novamente e partiu em direção à jucuruçu.
Enquanto isso, na Fazenda, a baronesa Cristina se sentia deslumbrante segurando o testamento do barão, nele continha pleno poder à baronesa e só em sua morte, Henrique e Helena poderiam comandar as grandes propriedades de terras, lavouras de cana de açúcar e de café, além de todos os escravos.
- Humm, qual deve ser a minha mais nova aquisição? Devo adquirir mais escravos para cuidar desta casa, aquela escrava velha da Rosa não serve para tudo que preciso. Ou devo comprar uma fazenda de algum vizinho e aumentar o meu poder? Que tal os dois. Disse a Baronesa de Lajedos em tom de ironia e dando uma grande gargalhada.
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Vosmecê
RomantizmUma história que se passa nos anos de 1806 em diante, onde é retratada as reviravoltas que cercam a Fazenda Lajedo, os acontecimentos que marcaram a vida de seus proprietários e escravos. Essa História trata de assuntos delicados como amor proibi...