Capítulo 7

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Ao entrarem no quarto se depararam com o homem em pé em frente à sacada da janela olhando para baixo observando alguns escravos aparando a grama do jardim e então chamaram-no a atenção.

- Então você finalmente acordou, diga nos, o que aconteceu?, disse a Baronesa Cristina.

- Quem sou eu?, disse o rapaz.

Tanto o Barão quanto a Baronesa ficaram surpresos pois o rapaz não se lembrava de mais nada, mandaram-no se vestir com algumas roupas do antigo capataz que ja havia morrido a alguns anos atrás, pois o jovem ainda estava com a mesma roupa em que foi encontrado. Eles se retiraram a fim de deixarem o homem se trocar.

- Vamos torná-lo nosso mais novo capataz, já que ele não se lembra quem ele é, ele agora deve nos pertencer por ter gastado alguns réis e pela estadia, disse o Barão.

- Que assim seja, um escravo a mais nunca é demais, concordou a Baronesa.

Lá na senzala, ainda sendo tratada dos ferimentos, Josefa estava deitada recebendo cuidados da benzedeira quando recebe a inesperável visita do capataz Atevaldo este que vendo o sofrimento da jovem a pediu em casamento e disse que cuidaria dela. O pai dela que estava presente no momento concordou não vendo mais saída para a sua filha. Josefa apenas sacudiu a cabeça dizendo que sim e o capataz já a pegou pelo colo e a levou para a pequena cabana dele que fica na própria fazenda.
Subindo as escadas do casarão o senhorzinho Henrique tratou logo de ir ao quarto do homem para lhe dar um novo nome, pois já havia pedido ao seu pai para ter a honra de dar o novo nome ao rapaz. Ao entrar no quarto já foi logo falando:

- O seu nome é Daniel! E se você quiser, podemos ser grandes amigos, visto que, posso torná-lo meu braço direito para governar estas terras da minha família ao meu lado, disse o senhorzinho.

O homem apenas sacudiu a cabeça sem entender quase nada do que foi dito, apenas o nome Daniel. O senhorzinho Henrique logo tratou de mostrar a ele toda a parte principal da  fazenda, mostrou também o córrego do ouro e as senzalas. Por onde passava as jovens escravas comentavam da beleza do dito Daniel, que sem entender nada as encarava também. Henrique o convidou para entrar para o casarão e conhecer a irmãzinha Helena que a poucos dias havia nascido e mostrou-lhe também os parentes que já estavam no casarão para o batizado da menina.

- Aproveitando o momento de amanhã, Daniel, haverá várias jovens lindas e tu que já é homem feito, podes se for mesmo meu amigo, conseguir até um namorada, um amor para a vida toda, disse o senhorzinho Henrique.

- O que é o amor?, disse Daniel.

- Na verdade, nem eu sei muito bem o que é isso, respondeu o senhorzinho.

Os dois caminharam por todo casarão, Daniel foi apresentado à todos os parentes e escravos, era oficialmente um dos capatazes da Fazenda Lajedo. Entardeceu e foi dado a Daniel um dos quartos do fundo do casarão, depois de muita insistência do senhor Henrique, pois o Barão queria o homem na senzala junto dos escravos. Já deitado na cama e olhando para o teto, Daniel estava pensativo pois estava tendo muitos flashbacks de cenas sem nexos, que não remetiam nada a ninguém, apenas o deixava mais cansado e sonolento. Lembrando do dito batizado da irmã do senhorzinho Henrique, ele tratou logo de dormir pois sabia que no outro dia seriam várias outras informações nesse novo mundo para ele digerir.

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