Logo pela manhã ouve-se muito choro da pequena Helena, Daniel acorda e vai para à sacada e lembra dos serviços que a baronesa Cristina lhe pediu para fazer assim que acordasse, saiu às pressas sem se quer lavar o rosto.
Enquanto isso, caminhando em direção ao quarto de Daniel estava o barão de Lajedos pensativo, entrou pela porta e foi direto à estante de livros.- Em qual desses livros eu ei de ter colocado aquela chave, disse pensativo o barão.
Foi quando abriu um dos livros e viu a carta que Daniel havia escrito para a jovem Carlota, ele leu e colocou a carta encima da cama enquanto continuava a procurar a chave. Passaram-se alguns minutos e ele encontrou a chave, pegou-a colocou no bolso e assentou-se sobre a cama com a carta de Daniel sobre um das mãos e ficou aguardando o jovem retornar do serviço.
Já na senzala não se falava de outra coisa a não ser da morte do velho Chico, havia boatos de que após o surto ele teria ficado cabisbaixo e adoeceu morrendo na prisão. Todos os escravos e até mesmo os capatazes ficaram um pouco triste com a morte do velho que a tanto tempo servia aquela família. Henrique debochava da situação e estava muito alegre, dava gargalhadas dos capatazes e perguntava a eles se estavam com pena do escravo.
Sem se quer pensar no luto, ordenado pelo Barão, um dos capatazes veio perguntar quem havia escondido os objetos de bruxaria dentro dos Santos e que se ninguém admitisse, todos iriam para o açoite. Diante disso e já sabendo o que havia de lhe acontecer a Benzedeira confessou o que fez, sem pensar duas vezes, Henrique ordenou que a amarrace no tronco.
Na casa grande, Daniel entrou no quarto e viu o barão segurando a carta que ele havia escrevido, assentou-se na poltrona já esperando o sermão.
- Ora Daniel, você está de gracinha para cima da jovem Carlota? Sabes que ela está comprometida e mesmo assim insiste? Você sabe também que só não te dou umas chicotadas em respeito à sua cor, pois se você fosse um dos negrinhos já teria quebrado-lhe os dentes.Daniel continuou a ouvir tudo sem se quer reclamar, o Barão só parou quando Henrique entrou e chamou para dar castigo a Benzedeira. Os três foram para fora e então Henrique sugeriu ao seu pai queimar viva a feiticeira para que fosse apagados todos os pecados dela. Daniel tentou convencê-los a dar outro castigo, mas nada adiantou. Henrique pegou querosene e jogou sobre a velha, todos os escravos entraram para dentro da senzala chorando. Fogo foi ateado sobre a feiticeira e ela gritava de desespero, murmurava e gemia, Daniel chorava de desespero e saiu correndo para não ver a cena, já Henrique estava bem contente a ver a velha pegando fogo.
O Barão entrou para dentro, apenas Henrique quis continuar, gritava para todos os escravos da senzala.- Isso que acontece com quem ignora as regras do seu senhor, fogo! Disse Henrique.
Ele então meteu a mão no bolso e retirou uma pedra que estava dentro e rindo disse:
- Obrigado velho Chico, você foi muito útil pra mim, pena que não resistiu a minha gratidão né? Já você velha feiticeira, agradeço pelo sonífero que é a única coisa que você fez e que presta, disse Henrique debochando.
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Vosmecê
RomanceUma história que se passa nos anos de 1806 em diante, onde é retratada as reviravoltas que cercam a Fazenda Lajedo, os acontecimentos que marcaram a vida de seus proprietários e escravos. Essa História trata de assuntos delicados como amor proibi...