Capítulo 4

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Alguns minutos se passaram e o silêncio passou a reinar por todos os cantos da fazenda, nem mesmo a pequena Helena chorava mais. O Barão resolveu ir ao suposto local do córrego onde ouviu-se o tiro, para isso reuniu os seus três melhores homens, pegaram suas armas e foram para o dito local.
Na beira do rio só se escutava o barulho dos grilos, sapos e da água correndo. Os capatazes olharam por toda margem e não encontraram nada, o Barão já se encontrava inquieto com a dúvida de que poderia ser uma emboscada, pois com sua personalidade forte e grande poderio ele adquiriu muitos inimigos.
Depois de tanto procurarem, um dos capatazes avistou embaixo de uma das árvores, um pouco afastada da margem, um homem com o rosto coberto por um saco de estopa e a camisa suja de sangue, o capataz avisou o Barão do achado e este partiu imediatamente em direção ao suposto homem. Ao chegar perto, ele percebeu que o homem era do alto escalão, logo que suas roupas eram feitas de panos nobres. Tratou logo de tirar o saco de estopa da cabeça do homem; Ele era ruivo, com a barba feita e aparentava ter por volta dos 20 anos. Foi checada a respiração e os batimentos cardíacos, estava de mal a pior mas ainda estava vivo, tinha sinal de pancada na cabeça e um tiro entre o peito e o braço.
O Barão visando recompensas pelo achado, tratou logo de ordenar a dois capatazes para levarem o homem para a casa grande e ao terceiro pediu para ir na cidade buscar o médico Luis. Levaram o homem para a casa grande e o colocaram em um dos vários quartos de hóspedes que havia no casarão, todos os escravos ficaram curiosos para ver o dito homem que causou todo aquele alarde. As escravas Iraci e Joana foram as únicas que conseguiram ver o homem e logo trataram de contar para as outras a aparência dele.

- Vosmecê tinha que oiá, ele é lindo, a cara dele inté parece um rei, disse Joana.

- Os cabelo era vermeio, beiços rosados e as venta afinada, disse Iraci.

A curiosidade só aumentava a respeito do misterioso homem, mas já era tarde e todos se trataram de ir descansar pois no dia seguinte era mais uma incansável labuta para os escravos. Já no casarão, a Baronesa tratou de mandar a escrava Rosa Maria, que por ventura ainda estava lá, de limpar o homem com panos quentes, enquanto o médico não chegava de Cruzeiro do Sul.
Era por volta das 22:00 horas quando o médico Luis chegou, entrou às pressas para o casarão e logo foi recebido pelo senhorzinho Henrique.

- A minha mãe está com Helena, vou lhe levar ao quarto do homem pois foi ordem direta do meu pai, mas digo logo que se fosse por minha vontade esse forasteiro estaria fora dessa casa, disse o senhorzinho Henrique.

O médico ignorou a fala do senhorzinho e seguiu-o adentro do casarão, um pouco preocupado pois o que lhe foi dito pelo capataz dava para entender que o estado do homem era de risco.

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