Capítulo 9

101 13 0
                                    

Atevaldo leva às pressas a garota para um dos quartos da casa grande e sai a procura do Barão. O Barão ao checar a respiração da jovem pode perceber que ela estava respirando e aparentava estar apenas dormindo, por isso achou melhor deixá-la no quarto para que o batizado continuasse, avisou aos pais da garota que ela estava dormindo por causas inexplicáveis mas ela estavam bem. Eles ficaram mais calmos e ficaram no quarto até o batizado acabar.
O capataz contou o que ele viu dentro dos santos na senzala para o Barão. E ele ficou furioso.

- Fogo nos Hereges, quero saber quem fez essa blasfêmia pois irá pagar muito caro, mas só vou descobrir e punir quem fez isso depois do batizado de minha filha, disse o Barão.

Padre Cícero chamou os padrinhos e deu início ao batizado, apesar de todos os acontecidos, a cerimônia foi linda e tudo fluiu normalmente.
Daniel andava um pouco cabisbaixo quando derrepente esbarrou em uma moça que derramou-lhe muito vinho pela roupa toda. Ela pediu-lhe perdão e ofereceu ajuda para limpar. Ele pode perceber que era a mesma moça que viu outrora conversando com uma outra jovem e disse que não carecia de ajuda, mas a moça insistiu e foi com ele até o toalete. Ela pediu desculpas novamente e ele a desculpou e nesse exato momento os dois colocaram a mão ao mesmo tempo encima do registro que abre a torneira. Um olhou para o outro e no calor do momento acabaram se beijando, ela até tentou afastá-lo mas cedeu o beijo.
Os dois se afastaram e ficou um silêncio constrangedor, o batom que ela usava borrou a boca dos dois, ela limpou a boca e saiu correndo com o rosto avermelhado de vergonha, quando saia do corredor bateu de frente com o rapaz que há poucas horas estava abraçando e a beijando. Daniel viu a sombra dos dois conversando e entrou novamente no toalete a fim de que o rapaz não o visse. Ele ficou em silêncio por volta de uns 3 minutos, até que os dois saíssem.
Depois, Daniel foi para o jardim e lá pode ver a moça juntamente com o outro rapaz, ela a olhava fixamente e ele a olhava também, mas disfarçou e saiu em direção à casa grande. Entrou em seu quarto, deitou-se na cama e ficou olhando para cima, a cena do beijo se repetia por várias e várias vezes na mente dele. Até que bateram na porta do quarto interrompendo os pensamentos do jovem.
Era o senhorzinho Henrique perguntando  o porquê que ele havia saído correndo do Jardim, Daniel disfarçou dizendo que havia passado mal por conta da bebida que tomou mais cedo e resolveu descansar. Henrique acreditou e o ordenou ir colocar as malas dos parentes nas carruagens pois os mesmos já estavam de partida. Julieta ainda não havia acordado, porém seus pais resolveram partirem assim mesmo e a colocaram na carruagem adormecida. Ninguém desconfiou nada do senhorzinho, apenas acharam que a jovem havia bebido bebidas alcoólicas escondida e por nunca ter bebido teve uma grande sonolência.
Enfim, todos os convidados e parentes foram embora, tudo estava voltando ao normal e os escravos ainda estavam nas lavouras. Apenas o velho Chico estava voltando da lavoura de cana, aos berros de alegria mas o capataz bateu lhe nas costas e o jogou no chão perguntando o porquê estava fora do trabalho e qual o motivo de tanta alegria.

Vosmecê Onde histórias criam vida. Descubra agora