Daniel não sabia como explicar para a baronesa Cristina o que havia acontecido com a adaga, porém após pensar bastante, resolveu que iria dizer que a adaga tinha caído debaixo da estante da biblioteca do escritório, provavelmente em um descuido dele ao abrir o livro sem o devido cuidado. Não tinha como ele dizer que fora a escrava Rosa que havia furtado, ele conhecia muito bem a baronesa e sabia que ela jamais perdoria tamanha afronta e o preço seria a morte daquela pobre alma.
Derrepente Daniel sente-se mal, na mente dele começam a se passar lembranças de um belo Jardim com uma grandiosa fonte no meio e escrito "Cavalier" no topo dela, tudo fica escuro e Daniel vai ao chão desmaiado.
- Daniel? Vamos, acorde!Ei?!.Disse Henrique alguns minutos depois, após encontrá-lo caído.
- Senhor, perdoe-me não me senti muito bem, que horas são?. Perguntou-lhe Daniel acordando um pouco atordoado.
- Deve faltar alguns minutos para às 16 horas. Respondeu-lhe Henrique.
Nesse momento Daniel desculpa-se e sai ligeiramente, pega um dos cavalos e parte em direção à gameleira. Ao chegar na árvore, pode se ver a silhueta de sua amada já a sua espera, parecia estar ansiosa e inquieta.
Ele desce, se aproxima e pede permissão para beijá-la, ela nem o espera completar a frase e logo lhe beija ansiosamente, Daniel a chega mais perto e a levanta para cima, fazendo ela sorrir de felicidade.
- Você demorou, estava ficando preocupada, sabes que não posso ficar aqui muito tempo. Disse Carlota.
- Sinto muito em desapontá-la, ocorreu um pequeno imprevisto na Casa Grande e me atrasei, prometo que não irá se repetir. Disse Daniel sem entrar muito em detalhes.
Daniel sentou-se no chão e Carlota deitou a cabeça no colo do rapaz, os dois ficaram alí admirando a paisagem que era belíssima, mais a frente havia alguns pés de ipês amarelos, onde o vento soprava e balançava os galhos e consigo traziam as flores que forraram o chão, inclusive debaixo da gameleira onde o jovem casal estava.
Não demorou muito para que tocassem no assunto do casamento arranjado da jovem, era nítida a tristeza nos olhos de Carlota.
- Eu tenho medo de não conseguirmos e eu ter que me casar com Liduino, ouvi boatos de que ele se relaciona com outros homens e é um desviado e que por isso a mãe dele forçou esse casamento arranjado com meu pai, nós dois não seríamos felizes, meu pai só pensa nos negócios que a mãe dele pode proporcionar. Disse Carlota aos prantos.
- Acalme-se, estou aqui e jamais deixarei isso acontecer, nada vai nos separar pois eu vou me garantir disso. Respondeu-lhe Daniel com confiança, confortando a amada.
Passam-se alguns minutos e Carlota se levanta rapidamente ao perceber que já havia passado muito tempo e que precisa retornar, ela abraça o amado, entrelaça-lhe as mãos e ele lhe beija, despedindo-se. Ela monta no cavalo e parte a galope o mais depressa possível.
Sem perder tempo, Daniel então começa a procurar o dito local em que a escrava Rosa Maria disse que havia enterrado a botija, achou a marcação e escavou até chegar a um recipiente de barro fechado. Abriu e ali se encontrava alguns réis, um anel e a adaga, ele pegou a adaga e fechou novamente a botija e a enterrou novamente. Montou no cavalo e foi em direção à casa grande.
Entrou pela porta principal e perguntou Henrique onde se encontrava a Baronesa, que logo o informou que se encontrava na sala de jantar, Daniel foi em direção a sala e ao adentrá-la pode-se ver a baronesa sentada na cadeira principal da mesa de refeição, ele enfiou a adaga na mesa e disse:
- Espero que enfim eu não a deva mais nada senhora e que eu esteja livre de seus joguinhos. Disse Daniel com tom de sarcasmo.
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Vosmecê
RomansaUma história que se passa nos anos de 1806 em diante, onde é retratada as reviravoltas que cercam a Fazenda Lajedo, os acontecimentos que marcaram a vida de seus proprietários e escravos. Essa História trata de assuntos delicados como amor proibi...