Ele percebeu que o escravo virou um bobo alegre e falava coisa com coisa, a idade já estava fazendo efeito. Arrastou-o para a senzala e o prendeu.
A Baronesa estava na sala fazendo uma lista de todos que foram até o batizado a fim de guardar de recordação, já era tarde e a chama do lampião estava começando à apagar. Foi ai que ela chamou por Daniel para alimentar a chama, ao fazer isso, ele pode perceber a lista que a baronesa estava fazendo, foi quando teve a brilhante ideia de perguntar sobre a misteriosa moça que ele viu no Jardim.
- Com essas características que você citou só pode ser Carlota, ela é filha do Conde de Itanhém, namorada do jovem médico Eduardo, disse a condessa.Daniel disfarçou o interesse a respeito da donzela e pediu permissão para se retirar. Chegando ao quarto deitou-se novamente em sua cama, novamente pensando naquela mesma moça.
No outro dia Henrique chegou cedo ao quarto de Daniel o chamando para uma pescaria no Córrego do Ouro. Ao chegarem ao Rio entraram em um barco e começaram a pesca, lá mais a frente puderam perceber que havia mais um barco, mas derrepente pode-se ouvir gritos de socorro vindo daquela direção. Rapidamente Daniel e Henrique remaram até lá, era o rapaz da festa dizendo que a namorada dele havia pulado na água, sem pensar duas vezes Daniel mergulhou no rio a procura da jovem, puxou-a pelos cabelos e a colocou dentro do barco, fez respiração boca a boca num ato de impulso e ela acordou. Levaram o barco até a margem e saíram para fora do rio.
Henrique indignado perguntou à moça o porquê que ela havia feito tamanha tolice e ela não falava nada, apenas o seu namorado Eduardo respondia dizendo-lhe que ela havia escorregado. Achando a história estranha, Daniel ofereceu ajuda a moça para leva-la em casa já que Henrique e Eduardo teriam que levar os barcos ao deck pois somente as pessoas que pegaram poderiam devolvê-los.
No caminho, Daniel e Carlota conversavam e ele a perguntou o real motivo de ter feito aquilo, ela então contou-lhe que estava predestinada a casar-se com Eduardo, pois era um casamento arranjado e que ela não queria casar daquela forma sem amor. Ele a segurou pelas mãos e disse:- Eu sinto em mim também a necessidade de um amor verdadeiro, que me complete e que sejamos um a metade do outro e por isso te entendo complentamente, disse o rapaz.
Os dois continuaram andando até que chegaram à casa de Carlota, ela então segura as mãos dele novamente e o beija, dessa vez, sem tentar se afastar. Ele dá um breve sorriso e ela entra para dentro da casa.
Daniel vai para a Fazenda Lajedo andando a pé, mas seus pensamentos estavam em outro lugar. Entrou para o quarto, sentou-se na escrivaninha e escreveu uma carta para Carlota.- Querida Carlota, em poucas palavras tentarei descrever completamente o senti ao tocar os teus delicados lábios. Senti algo que jamais havia sentido, o meu coração acelerava, você era o tudo e o tempo não existia durante aquele momento. Era como se nós fôssemos como a carne e a unha ou as metades das laranjas, predestinados a ficarmos juntos, tua pele macia e perfumada como uma pétala de uma rosa me fez sentir sensações das quais nem sabia que existiam. Obrigado pelo maravilhoso momento, sei que você já está predestinada a outro, mas não consigo lhe tirar da minha cabeça e sinto que precisava lhe dizer isso. Com carinho, Daniel.
Ele pegou uma pequena florzinha que estava em um arranjo do quarto e colou sobre o bilhete e o guardou entre um dos livros da estante. Deitou na cama e dormiu.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Vosmecê
RomanceUma história que se passa nos anos de 1806 em diante, onde é retratada as reviravoltas que cercam a Fazenda Lajedo, os acontecimentos que marcaram a vida de seus proprietários e escravos. Essa História trata de assuntos delicados como amor proibi...