Era óbvio que a culpa da morte do barão iria cair sobre alguém. O velório do Barão já estava preparado, gente da alta corte viria prestar as últimas homenagens ao tão poderoso homem que ele foi. Daniel já tinha encarregado de enviar os comunicados e também de organizar o sepultamento que aconteceria ali mesmo, no cemitério particular da família, onde já se encontravam os pais do barão e os seus avós. Henrique chorava feito uma criança, não conseguia se quer falar uma palavra, apenas fixava os olhos em Daniel e limpava as lágrimas que desciam pelo rosto.
A família de Julieta veio prestar condolências à viúva, Julieta chamou Henrique para o canto e sussurrando lhe disse:
- Eu tenho vagas lembranças daquele dia do batizado de tua irmã Helena, sei muito bem que você colocou algum sonífero em minha bebida e só não fiz um escândalo até hoje porque sei muito bem que a culpa cairia sobre mim, toda culpa sempre cai na mulher, mas vejo que nem precisei fazer nada, você já está sofrendo e é isso é só o começo. Disse Julieta, que logo saiu em direção à porta.
A Baronesa Cristina estava aparentemente muito abalada, vestia um longo vestido preto e um chapéu com plumas de cisne negro. Todos queriam passar condolências à ela, abraçavam e lhe diziam palavras de forças. O comendador Sebastião e sua esposa estavam aparentemente muito abalados e mesmo assim prestavam apoio à viúva, já Aurora a filha do casal pediu permissão para ir dar apoio a Henrique seu futuro noivo.
- Henrique, se precisares de apoio estarei aqui, sabes que um dia teremos que compartilhar os momentos alegres e tristes.
Henrique apenas sacudiu a cabeça, já que não aguentava mais tanta gente tentando dar consolo.
Durante a tarde o Barão foi sepultado, boa parte dos amigos e proprietários de terras já haviam ido embora, apenas a família de Aurora e a da prima Julieta continuavam ali.
- Saiba Baronesa Cristina que o contrato será mantido, em breve organizaremos o casamento de Aurora e Henrique, realizaremos em homenagem ao nosso querido Barão. Disse o comendador Sebastião.
- Fico Feliz que isso aconteça meu caro amigo, a linhagem de nossa família tem que continuar. Respondeu Cristina.
Aurora não desgrudava de Henrique, tentava lhe dizer coisas boas mas isso só o irritava mais, até que ele surtou de vez e a mandou calar a boca, os pais de Aurora não estavam presentes nesse momento pois estavam com a Baronesa em outro cômodo. Aurora abaixou a cabeça e saiu cabisbaixa pelo corredor em direção à sala, Henrique percebendo a besteira que fez foi em direção à ela, puxou-a pela mão e deu lhe um beijo. Aurora ficou com as bochechas avermelhadas, afastou-se dele e continuou andando em direção à sala.
De um dos quartos do corredor saiu Julieta e ela disse:
- Você não cansa mesmo de usar as pessoas né priminho, espero que um dia uma mulher possa causar tamanho sofrimento em você.
- Ora Julieta, ela é minha futura noiva o que de mal eu fiz? Vai atormentar um dos escravos e me deixa em paz, preciso ter uma conversa com um certo alguém que matou o meu pai. Disse Henrique.
Julieta um pouco surpresa respondeu-lhe:
- Você sabe quem matou o seu pai?
Henrique não respondeu nada e saiu em direção a saída da casa. Chegando em frente à porta pode-se ver Daniel ordenando a um dos escravos a ir na lavoura de cana.
Henrique o empurra pelas costas e Daniel vai ao chão, então o senhorzinho diz:
- Fique calmo pois irei te fazer sofrer aos pouquinhos, você não terá o luxo de uma morte rápida. Você vai sofrer muito mais do que o meu pai sofreu.
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Vosmecê
RomanceUma história que se passa nos anos de 1806 em diante, onde é retratada as reviravoltas que cercam a Fazenda Lajedo, os acontecimentos que marcaram a vida de seus proprietários e escravos. Essa História trata de assuntos delicados como amor proibi...