As horas se passavam depressa, Daniel olhava para os lados tentando lembrar se tinha algo faltando naquela sala, foi quando algo lhe chamou muito a atenção, do lado da poltrona onde o Barão foi encontrado, costumava ficar uma estátua de um soldado segurando uma espada e tinha uns 50cm, feita de bronze. Ela não estava lá, provavelmente seria a verdadeira arma do crime, porém onde estava?, em um dos quartos? Óbvio, diante de todos aqueles acontecimentos desde o assassinato, o assassino ainda não teria tempo de se desfazer da estátua ou provavelmente nem teve tempo de limpá-la para colocar no devido lugar antes que alguém percebesse o seu sumiço.
Daniel então decidiu que iria começar a procura pela senzala e ficaria de olho no movimento do casarão para que se alguém fosse se desfazer de algo ou colocar no lugar ele pudesse intervir. Ele revirou a senzala inteira, tanto por dentro quando por fora e não achou nada, o cansaço já predominava, então resolveu ir dormir ali mesmo na senzala já que o senhorzinho Henrique jamais aceitaria o suposto assassino do seu pai (pelo menos era o que agradava o senhorzinho, por a culpa em alguém) dormisse na Casa Grande como um convidado.
Já era bem tarde e todos já estava deitados, tanto na casa grande quanto na senzala, ouvia-se apenas os grilos e sapos. Mesmo cansado Daniel não conseguia pregar os olhos, quando derrepente pode ver uma claridade saindo do quarto da Baronesa Cristina e indo em direção à cozinha, Daniel já desconfiado não pensou duas vezes e então levantou e foi espiar na janela. Era a própria Baronesa enchendo o penico com água na pia, estranho, geralmente quem lavava os penicos eram as escravas e eram lavados por fora da casa ordem exclusiva da própria Cristina. Foi ai que Daniel percebeu que ela estava acumulando água para levar pro quarto, ninguém no outro dia estranharia um penico com sangue pois é natural das mulheres durante um certo período do mês sangrarem. Ele então saiu devagar para ela não perceber dando a volta na casa, escalou até o segundo andar e acordou o senhorzinho Henrique.
- Henrique, Henrique, acorde!!!, Disse com pressa Daniel.
- Espero que você tenha bom motivos para me acordar, se eu já tinha vontade de te matar aumentou muito mais agora. Respondeu Henrique esbravejado.
- Descobri quem matou o teu pai, siga-me pelo Casarão e você vai pegá-lo com a mão na botija. Disse Daniel entusiasmado.
Henrique, surpreso e curioso ao mesmo tempo, resolveu seguir Daniel. Os dois saíram pelo quarto e chegaram até o corredor e de lá puderam ver a baronesa Cristina subindo as escadas, nesse momento Daniel grita:
- Senhora, fique onde estás!
Nesse momento Cristina deixa o penico cair pelo susto que levou pelo grito e derrama toda a água que estava concentrada.
- Vocês estão loucos? Como ousam me assustar em plena noite?, Respondeu Furiosa a Baronesa.
Daniel e Henrique se aproximaram dela e então Daniel contou tudo que descobriu para os dois e o que estava supondo.
- Ora, por quais motivos eu iria matar o meu amável marido? Ele é o pai dos meus filhos, não tem porquê de eu ter praticado tamanho delito! Respondeu Cristina.
- Então deixe-nos adentrar os teus aposentos para provar que estou errado e que a estátua não se encontra nele. Respondeu confiante Daniel.
- Vocês podem entrar para provar a Henrique que não tenho nada haver com isso, mas se não encontrarem nada, você Daniel amanhã mesmo irá para o tronco ser chicoteado por ser tão insolente de deduzir tamanha loucura contra a tua senhora e querer colocar um filho contra a sua mãe enlutada. Respondeu absurdamente brava a Baronesa Cristina.
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Vosmecê
RomanceUma história que se passa nos anos de 1806 em diante, onde é retratada as reviravoltas que cercam a Fazenda Lajedo, os acontecimentos que marcaram a vida de seus proprietários e escravos. Essa História trata de assuntos delicados como amor proibi...