Capítulo 18

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Daniel corria contra o tempo, a cena de sua amada sendo predestinada à outro, lhe destruía por dentro. Cavalgava pela estrada sem dar a mínima atenção aos detalhes, apenas seguia em frente. Chegando próximo a Fazenda do temido Joaquim Ferreira  vários cães começaram a latir e isso se sucedeu até alguns metros, quando derrepente o cavalo começou a empinar. O cavalo jogou Daniel no chão e disparou de volta à Fazenda Lajedo.
O Jovem levantou-se um pouco tonto e pode ver uma fazenda no canto esquerdo, encima de um morro, sem pensar duas vezes partiu em direção à mesma, um pouco com receio pois a cachorrada continuava a latir e segui-lo.
- Bom dia, disse um jovem magricelo, moreno e baixo que o recepcionou.
- Caro jovem poderia ajudar-me com um do teus cavalos? Preciso urgentemente ir às províncias de Jucuruçu e o meu espantou-se com os cães e retornou a Fazenda Lajedo. Disse Daniel.
- Posso até lhe arranjar um bom cavalo, pois sei das boas posses da Família de Lajedos mas preciso que deixe algo como prova de que vais me recompensar. Disse o jovem.
Daniel retirou do peito uma correntinha que guardava com muita estima, toda de ouro e disse ao jovem.
- Espero que isso pague por um bom cavalo, não pretendo aqui retornar.
O jovem mostrou um bom cavalo à Daniel que ficou satisfeito com a compra. Agradeceu-o e continuou em direção à província de Jucuruçu, este novo cavalo já era acostumado com cães e isso já não era um grande problema, pois ao passar por outras propriedades mais a frente o cavalo não se espantaria.
Ao adentrar as províncias de Jucuruçu, Daniel parou em uma casa que situava-se em frente à um quartel de capitães do mato. Bateu na porta e uma jovem moça que aparentava ter por volta dos 14 anos, atendeu-lhe.
- Posso lhe ajudar em algo?. Disse a moça.
Daniel lhe contou as características físicas do pai de Henrique ao qual a Baronesa o descreveu pouco antes de sair pela jornada. A moça lhe indicou onde poderia encontrar o dito homem, Daniel achou a moça tão gentil e educada que a disse que jamais esqueceria daquela grande ajuda. A jovem apenas sorriu.
Daniel foi até a suposta casa do pai de Henrique e logo na entrada pode ver um dos cavalos da Fazenda Lajedo, finalmente havia encontrado-o, Henrique ao vê-lo gritou:
- O que fazes aqui? Não devias estar aqui! Disse ele, pouco receptivo.
- Vim me assegurar que o senhor esteja bem, o senhor tens que retornar à Fazenda Lajedo, sua mãe anseia em vê-lo. Respondeu-lhe Daniel.
- Acho que devo retornar agora mesmo e controlar o que é meu por direito, jamais deveria ter vindo a este fim de mundo. Disse Henrique.
- Mas e o teu pai?, perguntou Daniel.
- Meu pai é o Barão de Lajedos, esse quem me enviou a carta é um mero pobretão, jamais vou me rebaixar ao nível deste homem que perdeu tudo o que tinha por conta de agiotas. Disse Henrique rasgando a carta que seu pai havia lhe enviado.
Daniel observou que o homem estava na janela com os olhos lacrimejando, aquela cena partira seu coração, como podia um filho mesmo que abandonado quando pequeno não reconhecer o arrependimento do seu pai? De fato Henrique era um monstro.
Daniel apenas abaixou a cabeça e os dois partiram de volta à Fazenda Lajedo, Henrique estava enfim bem, nem parecia aquele ao qual a poucos dias chorava feito criança, seus olhos agora transbordava um escuridão que Daniel nem ousava olhar a fundo.
Os Dois chegaram na madrugada e logo na entrada da Fazenda Lajedo estava o cavalo que havia espantado com os cães, colocaram-o para dentro e foram em direção à Casa Grande. Apenas os sons dos grilos ecoavam com os ventos, aquele melancólico dia, repleto de emoções parecia não ter fim.

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