Capítulo VII - O Baile.

585 38 26
                                    

A alegria da Srta. Morse era tanta, que ela confirmou, sem precisar chegar ao auge da dança, serem seus sorrisos capazes de superar o barulho dos calçados contra o piso do luxuoso salão de festas do Duque e a música tocada com tanto fervor.

O conjunto de toda a situação incitava nela a mais pura alegria. Seu par, Edward Turner, não acertava um passo, porém continuava a tentar com determinação. Ele não possuía ritmo algum e isso a fazia rir mais que o normal. Não se sentia desafortunada por dançar com alguém tão sem jeito, na verdade, descobriu naquilo um motivo para deixar de detestar o baile que até então, não passava de um encontro chato de cavalheiros que viam nos assuntos políticos mais graça que na dança. Não que fugisse de tal tipo de conversa, mas em um baile, preferia dançar; portanto a noite tornara-se muitíssimo prazerosa quando foi apresentada ao príncipe e conseguiu toda atenção dele, um autêntico cavalheiro de dois pés esquerdos, mas com uma ideia muito apropriada sobre diversão.

Riu ainda mais alto, quando a troca de pares foi feita e sentiu o corpo ser rodopiado pelas mãos ágeis de Hazel. Um giro exagerado, que não correspondia aos passos originais daquela dança; contudo, mesmo sob olhares curiosos, continuaram a exceder-se na intensidade provocada pelo som alegre da canção. Giravam como se tudo só dependesse daquele passo, e não precisassem de equilíbrio suficiente para os próximos; como se a felicidade reinasse ali, entre eles. E por fim, juntaram-se ao outro casal, compartilhando as mãos e os sorrisos.

Audrey fechou os olhos e apenas se deixou guiar. Sentindo cada nota alegre. Girando, girando... Apreciou todos os detalhes que compunham a razão de sua alegria: a felicidade exaltada nas expressões ao redor, os sapatos barulhentos, a música... A sensação boa por ter Catherine ao seu lado e entre os convidados, sem receber olhares de acusação, pois todos estavam entretidos demais para questionar Hazel sobre a família de sua favorita.

A própria Caroline, de tão determinada a agradar o Duque, não percebeu, ou fingiu não perceber, que a moça dançando com o irmão, era a mesma que servia no castelo todos os dias. Mas não se esperava por nada muito diferente disso, tratando-se de postura e modos, Cat podia ser confundida perfeitamente com qualquer uma das senhoritas presentes. O vestido emprestado também caiu-lhe bem, ressaltou a beleza e o porte pouco apreciadas quando em vestes tão simples.

Tudo estava saindo como Audrey planejou. Cada detalhe milimetricamente pensado por ela de antemão, revelavam-se até melhores do que sonhou. Afinal, Hazel e Catherine aparentam estar muito felizes. Quanto a Caroline? Bem, Caroline estava feliz a sua maneira, ao lado do Duque o tempo inteiro, acompanhado-o em sua monotonia e mau humor. Aliás, ouviu da prima, minutos antes de descerem ao salão, que Robert dissera amá-la profundamente, mais e mais, e que nenhuma outra seria capaz de despertar nele tamanho sentimento e apreço.

Não sabia exatamente o que pensar sobre tal confissão. Depois de ter notado a evidente confusão do Sr. Campbell sobre a proposta de casamento, começava a desconfiar que Carol não estava sendo completamente sincera sobre o que acontecia entre os dois. Mas, de qualquer forma, não queria refletir nas implicações disso. De verdade, não especulava porque, no íntimo, cogitava se sua desconfiança era fruto dos sentimentos confusos que direcionava a ele. No fim, talvez fossem apenas falsas esperanças. Esperanças estas que renegava em seu coração. Preferia mantê-lo nos pensamentos como um homem sombrio, rude e imoral, assim tornava-se mais fácil detestá-lo.

Quando a música cessou, os olhos verdes voltaram a encantar quem os apreciava de longe. Ofegando um pouco, ao mesmo tempo que mantinha o sorriso, e demasiadamente satisfeita, Audrey se juntou aos outros nas palmas calorosas para elogiar os músicos.

— Espero, senhorita, não ter machucado os seus pés. — O príncipe sussurrou no ouvido dela.

— Podem estar machucados, mas não os sinto doer. Penso que isso é bom, o senhor não concorda? Mostra que nos divertimos a ponto de os inconvenientes nos passarem despercebidos.

O Duque CampbellOnde histórias criam vida. Descubra agora