16. Chocolataria

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Anos morando em Belmont Heights e eu nunca tinha ido a maior chocolataria de LA, ela era simplesmente uma loja de três andares com um cheiro de chocolate e repleta de chocolate. Tinha todo tipo de chocolate, alguns que eu nunca tinha visto ou imaginado que existia.

Eu me sentia uma criança indo pela primeira vez naquela loja, olhava tudo impressionada e ficava encantada por qualquer coisa.

James mesmo sem conseguir enxergar cheirava tudo e dava sorrisos ao sentir aqueles cheiros diferentes.

— Vamos precisar de formas, umas quarenta forminhas dessas de plásticos.– Falou, após me deixar dar uma volta por todo o primeiro andar.— Elas ficam no segundo andar.

— Ok.

Fomos até a escada e lá James subiu segurando o corrimão, enquanto com a outra mão ele entrelaçava ao redor do meu braço e eu levava sua bengala.

No segundo andar tinha várias coisas de páscoa, ursinhos de pelúcia e até mesmo um coelhinho da páscoa enorme.

Andamos alguns corredores, até chegarmos em um que tinham várias barras de chocolate em kg, elas eram enormes e um pouquinho pesadas.

James tocava algumas coisas, tentando adivinhar o que era, o que me fazia sorrir.

— Vou ficar aqui, no outro corredor tem chocolate para intolerantes a lactose, pega um quilo dele.

Concordei, deixando ele com a cesta com os chocolates e as forminhas do ovo de páscoa.

Fui ao outro corredor que era do lado ao que ele estava, então eu tinha certa visão dele olhando entre as prateleiras de chocolates especiais.

Estava escolhendo e estava em dúvida entre pegar o chocolate branco e o chocolate preto, quando ouvi alguém chama-lo.

— James!

Ele pareceu reconhecer aquela voz, por sua reação.

Não esboçou felicidade, parecia apenas estar desconfortável com aquela situação.

— Carly.– Falou, não muito empolgado.

— Que surpresa te encontrar por aqui.– Ela parou, em frente a ele com um sorriso no rosto.

Ela olhava ele de um jeito que eu nunca tinha visto ninguém olhar outra pessoa, tinha certa luxúria e certa maldade em seu olhar, ela simplesmente era fanática.

— Digo o mesmo.

— Eu sou confeiteira, é claro que você me encontraria por aqui, eu venho pelo menos uma vez por dia buscar alguma coisa.– Pausou, olhando ele de cima abaixo.— Mas e você, o que faz por aqui sem sua namorada e sem enxergar?

Senti certo deboche em sua voz quando ela falou namorada.

— Minha namorada está comprando algumas coisas, logo logo está aí.– Falou simplesmente, seco e com poucas palavras.

— Se eu fosse ela jamais deixaria você sair por aí assim, sozinho. Um homem bonito como você, as galinhas caem matando em cima.– Passou a mão ao redor do ombro dele.

Eu não deveria estar vendo aquilo, era a intimidade do James e eu também não poderia me incomodar com aquilo.

Ele não poderia ser tão burro de cair nas garras dela depois de tudo, né?

Eu deveria parar de escutar, deveria dar espaço, deveria deixar eles, mas eu não conseguia, a curiosidade falou mais alto.

— Galinhas como você caem matando em cima o tempo todo mesmo, mas eu não tenho interesse.– Deixou claro, se desvencilhando da mão dela.

— James, eu te amo muito, sempre te amei, você é tudo pra mim! Um vídeo, uma traição... nada disso deveria apagar nossa história, volta pra mim!– Ela tocou novamente nele, mas dessa vez ele recuou, tirando a mão dela de modo bruto.

Ele saiu meio perdido pelo corredor.

— Você apagou nossa história e o nosso amor, Carly, não me culpe por nada do que aconteceu, de novo não.

— O que ela tem que eu não tenho?! Me diz, James, me diz!– Ela gritou.

Ele parou no meio do corredor.

— Caráter, Carly, ela tem caráter e eu me sinto bem com ela, me sinto como nunca me senti com você.

Ela se adiantou e o beijou.

Um beijo quente, confiante e apaixonado.

Revirei os olhos, fazendo cara de nojo para aquela cena.

Quando ela o soltou ele não tinha expressão nenhuma.

— Você sentiu alguma coisa? Percebeu que eu sou o seu verdadeiro amor? Porra James, você nunca vai amar ela do jeito que você me amou, ela nunca vai ser igual a mim, nunca vai chegar aos meus pés...– Ele a interrompeu.

— Eu não senti nada, talvez a única coisa que eu senti tenha sido nojo.– Cuspiu no chão.— Ela nunca vai chegar aos seus pés por que você é podre, p o d r e. Ela é melhor, ela é incrível, inteligente e eu admiro ela pra caralho e sinceramente, se Sirius demorar mais a chegar eu vou estar fodido, por que a cada dia mais eu estou apaixonado por ela.

Aquilo foi real?

Eu ouvi aqui mesmo?

James Potter acabou de falar pra sua ex namorada modelete e incrivelmente linda que estava apaixonado por mim?

Merda eu estava me iludindo.

Ele estava falando sobre eu supostamente ser a namorada dele, mas... eu não era.

Aquilo apenas me confundiu.

— Você nunca vai ser feliz sem mim!

— Você foi meu primeiro amor, mas não vai ser o último, Carly, não mesmo.– Vi ele passar a manga da sua blusa em seu rosto e então percebi que ele estava chorando.— Eu te desejo tudo de bom e que você seja feliz e encontre alguém que te ame e te faça mais feliz do que eu fiz.

— Vai pro inferno James Potter, você é um babaca!

Quando ele passou no corredor em que eu estava, corri o outro corredor para chegar pelas costas dele e ele não perceber que ei estava escutando.

Acho que ele ficaria constrangido com a situação, por isso tentei aliviar.

Não queria ele explicasse para mim que era apenas um teatrinho pra enganar a ex namorada dele.

— Hey, peguei os chocolates, vamos ou precisa de mais alguma coisa?– Perguntei, meio ofegante por causa da corridinha.

— Já temos tudo e hm... porque você está ofegante? Andou correndo?

Merda.

— Eu andei tudo procurando, sabe como é, me perco toda...

— Se você diz.– Falou desconfiado, mas não insistiu mais naquele assunto.

Suspirei aliviada.

Por enquanto tinha tudo sobre controle.

Aquela em que James Potter não enxergaOnde histórias criam vida. Descubra agora