O Morte

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Morte.

Os amigos de Sasuke Uchiha o chamavam de Morte.

Chegar para o trabalho às 13hrs me rendeu encontrá-lo encostado no muro, fumando um cigarro em seu provável horário de almoço, enquanto mantinha uma conversa com dois caras tão mal-encarados e tatuados quanto ele. Não que eu fosse curiosa, mas a medida que passava devagar pela possível gangue criminosa, fingindo ler meu livro, prestei atenção que falavam sobre uma apresentação num lugar chamado Led Rock Bar.

Talvez eu seja, de fato, um pouco curiosa. Não nego que havia abaixado o som dos fones, quando me aproximava e o vi parado ali com dois estranhos, afinal aqueles deveriam mesmo ser os amigos marginais, e eles poderiam, naquele instante, estar tramando uma invasão a ONG.

— Porra, Morte. Precisamos de você, caralho. Como vamos fazer isso sem um guitarrista? — Foi a última coisa que escutei. Tive de me controlar para não ter calafrios ao ouvir tantos palavrões juntos.

Sério, por que precisavam ter uma boca tão suja? E que tipo de pessoa tem um apelido como esse? Morte?

É... Macabro. Estranho, no mínimo.

No entanto, pensando bem, fazia sentido. Sasuke sempre estava de preto, e sua áurea era sombria.

Num gesto impensado, olhei para trás, a fim de confirmar que sim, ele era sombrio. Para minha grande agonia, o objeto da minha análise estava olhando para mim. Seus olhos negros me encaravam sem disfarce atrás de uma cortina de fumaça de cigarro. Assustada, virei-me rapidamente, fugindo constrangida do flagra.

Ele havia percebido minha curiosidade? Eu estava encrencada? Morta? Sasuke Uchiha era um assassino e, por isso, o chamavam de morte?

Apertei o passo, ouvira o bastante. Minha sanidade estava afetada.

Fazia algum sentido? Ou no fim eu estava sendo um pouco louca, e o nome realmente se devia ao gosto esquisito dele por de vestir de preto? Não tive certeza. Mas de qualquer forma, apressei-me a entrar, buscando a falsa segurança dos corredores movimentados do prédio. Tranquei-me na minha sala, e quase cedi a tentação de os vigiar pela janela; porém, não o fiz. Seria pior para mim se o Uchiha me flagrasse outra vez.

Ino não trabalhava às quartas, então não pude comentar com ela sobre minhas descobertas. Pensei até em ligar, mas desisti. Ela me acusaria por escutar a conversa dele, e me chamaria de neurótica, outra vez. Então fiquei confabulando apenas com meus botões.

Durante muito tempo me peguei pensando nos fragmentos da conversa que ouvi. Sasuke tocava mesmo numa banda nas horas livres? Analisando bem, ele tinha um jeito meio assim, de guitarrista de uma banda de rock, ou sei lá o quê.

Led Rock Bar bem provavelmente era um nome em referência ao Led Zeppelin. Lembrei de já ter visto Sasuke usando uma camisa da banda. Também sabia que a introdução de Hey You do Pink Floyd era o toque do celular dele, o vira atendendo uma ligação uma vez.

Será que o Led era um bar da família?

Forcei um pouco minha memória visual, chegando a conclusão que um dos caras conversando com Sasuke mais cedo se parecia com ele. Um pouco mais velho, cabelo comprido, o braço fechado de tatuagens... Não analisei o rosto direito, mas pude notar que tinha olhos negros também. É, o cara mais alto poderia facilmente ser o irmão dele. O outro, um primo, talvez? Amigo?

Por que isso me interessava? Não sei. Mas fugindo de qualquer recriminação ou da voz de Ino sussurrando em minha cabeça que eu estava obcecada, peguei uma caneta e rabisquei na agenda aberta sobre a mesa:

WonderwallWhere stories live. Discover now