Têm fins violentos

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Estava quente pela manhã. Céu limpo e azul, cores vibrantes, rostos alegres... Se eu fosse um vampiro, como minha mãe costumava dizer, estaria morto.

Tocava Aerosmith. Os amigos de Sakura se divertiam na piscina, jogavam água uns nos outros, corriam pelo terraço e gritavam. Depois entravam em longas conversas, sorrindo e falando alto da época da faculdade.

Sai também aparecera, era o único que eu conhecia, também o único afastado da bagunça. Mantinha-se comigo na parte coberta perto do hall dos elevadores, que Ino havia apresentado para os convidados como área gourmet, pra mim era a porra de uma cozinha. Provavelmente não o fazia por gostar tanto assim da minha companhia, aparentemente só preferia ficar perto da comida e bebida. Não parava com as garrafas de cerveja e os amendoins.

— Não cobiçarás a mulher do próximo. — Ele disse, mexia na churrasqueira, enquanto eu me mantinha de pé tomando um dos drinks esquisitos da loira.

— Vai se foder.

— Só estou avisando. — Encostou-se ao meu lado. Olhou na mesma direção. — Sempre aviso.

Sakura estava de pé contando alguma história engraçada, os outros riam ao escutá-la. Usava um biquíni verde com desenhos de flores, cabelo com trança e os óculos azuis de coração. Estava linda. Eu não gostava dessas coisas de verão, mas gostei de imaginá-la como Meu Sol. Se Sakura fosse uma estação do ano, estaria entre a primavera e o verão. Eu era o fim intrínseco no outono e a melancolia do inverno.

— Mas entendo sua fixação. Ela é gostosa.

Não posso afirmar não ter me importado ao ouvir isso, sentia ciúmes dela; contudo sabia que, embora em segredo, quem comia era eu. E fazia meu trabalho muito bem feito. Então não falei nada; apesar da vontade de mandá-lo parar de admirar a bunda da minha garota.

— Naruto é um filha da puta sortudo.

E, no entanto, esse último comentário me fez apertar forte o copo em mãos. Odiava aquele cara, odiava ouvir o nome dele. A irritação me faria dizer qualquer besteira, pela simples menção, a simples lembrança do noivado, isso me corroía. Porém, outra vez não falei nada, não fiz nada, também não poderia, Sakura se aproximava. Ela parou diante de nós, tirando os óculos. Minhas mãos aliviaram o aperto.

— Então, garotos, como estão as coisas por aqui?

— Quase pronto. — Sai respondeu. — Vou juntar o pessoal para vir comer.

Sakura sorriu concordando. Nós dois o observamos se afastar em direção a piscina.

— É engraçado.

— O quê? — questionei.

— Você.

— O que tem eu?

— Estão todos de roupa de banho, no mínimo com um short colorido, veja Sai.

— Parece uma lagartixa albina.

Ela riu.

— Mas está como todo mundo. Diferente de você, nesse calor, de calça e camisa, e ainda tudo preto. Não trouxe mesmo um short na mochila?

— Não.

Percebi que ficou desapontada com minha forma seca de responder.

— É como sou, sabe disso.

— Só estou dizendo que é engraçado.

— Hm.

Ela virou, veio para mais perto de mim, fingiu mexer em algo na pia, mas seus dedinhos atrevidos entraram por baixo da minha roupa e tocaram minha barriga.

WonderwallWhere stories live. Discover now