Música, números e estrelas.

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                 Sakura

Não existe nada mais bobo e sonhador que o sorriso de um apaixonado.

Paixão. Quando se tratava de Sasuke, essa palavra me enchia de medo. No entanto, era isso, não era? Estava apaixonada, embora ainda soasse uma conclusão precipitada. Mas além dessa possibilidade quase assustadora, quais seriam os outros motivos para as sensações do meu corpo? O frio na barriga; o coração acelerado; a necessidade urgente de me ver refém em seus braços; dona de seus pensamentos, beijos e olhares.

Após esgotar todas as desculpas, não tinha outra explicação para dar. Era inegável. E agora, ao vê-lo, não conseguia evitar sorrir, por mais que tivesse consciência de quão abobalhada parecia.

Nossa noite juntos havia sido maravilhosa, apesar do telefone de Naruto e o meu esquecimento quase colocar tudo a perder. Tudo acabara bem. Aliás, se dependesse dele nunca teríamos saído da cama. Sendo completamente sincera, também precisei ser forte para deixá-lo e correr até minha casa para tomar banho e trocar de roupa, antes de aparecer na ONG. Definitivamente, precisava me acostumar a dormir de conchinha com Sasuke, ainda mais quando ele parecia tão dedicado apertando meu corpo junto ao seu e beijando meu pescoço no meio da madrugada.

— Precisa de ajuda? — perguntou-me com o sorriso mais cínico e safado que possuía, tão logo cruzei o portão com os dois copos de café.

Deus, precisávamos disfarçar. Qualquer um que nos visse ali, entenderia o que estava acontecendo, principalmente depois de Sasuke acariciar meus punhos lentamente com a ponta dos dedos, enquanto fingia muito mal tentar pegar os copos de minhas mãos.

— Sim. Por favor. — respondi tardiamente.

Precisei de muita determinação para vencer a fraqueza nas pernas e me distanciar, seguindo a frente apressada. Qualquer tentativa de não ceder, no entanto, foi destruída assim que entramos em minha sala e ele deixou os copos sobre a mesa, vindo logo me agarrar com um beijo estarrecedor a fazer todo meu corpo arrepiar. Beijo que logo depois desceu por meu pescoço, associado a uma frenesia de mãos grandes ora me apertando, ora escorregando para a barra de meu vestido, subindo o tecido com urgência absurda.

Ainda não passava das 9 da manhã, e já estava como disposição suficiente para transar com ele ali mesmo, em cima da mesa; embora fosse contra meus princípios fazer esse tipo de coisa em meu local de trabalho.

Para me impedir de tal loucura, antes que fosse tarde demais, um tossido nada discreto se fez ouvir. Ino estava parada na porta, que certamente acabara de abrir. No susto empurrei Sasuke para longe.

— Ino — o nome dela quase travou em minha garganta. Tamanha vergonha senti que minha voz estava trêmula. Uma palavra maior me teria feito gaguejar.

— Sakura — respondeu, olhando de mim para Sasuke com sua expressão nada discreta de safada. Com um sorriso de canto, ao passar por mim em direção aos cafés sobre a mesa, ela apontou para um ponto na minha cintura, onde as faixas finas do vestido pendiam soltas. — Precisa de ajuda para arrumar isso aí, meu bem?

Sequer percebera quando Sasuke soltou o laço do vestido. Certamente, enquanto suas mãos corriam soltas e eu estava ocupada demais correspondendo todos seus beijos.

— Ino... hã... Esse é o Sasuke... O segurança... Digo, porteiro. — Apertando forte as pálpebras, respirei com calma e refleti no que cargas d'água acabara de dizer. — Ele estava me ajudando com os cafés.

— Ah, certo, Sasuke, o porteiro. Prazer em conhecê-lo. E obrigada por ajudar Sakura com os cafés, você parecia fazer um ótimo trabalho... Mas, sei lá, já não nos vimos antes?

WonderwallWhere stories live. Discover now