Vida

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Eu não estava assim tão perdida, entrando de cabeça num relacionamento com um cara problemático, na crença de que poderia resolver tudo com sexo. Compreendia que o mais correto não era levar Sasuke a escolher entre mim e as drogas, na intenção de transformar minha companhia uma alternativa para aplacar seus outros prazeres. Com certeza não era a pessoa mais indicada no mundo para ajudá-lo, mas queria, de todo coração, tirá-lo desse vício destrutivo. 

— Um psiquiatra? — Perguntou-me, olhando os cartões que lhe entreguei em mãos. Eram dois. Havia pesquisado médicos e grupos de apoio para ele, de forma que pudesse ter melhor acompanhamento nessa fase. — Está tirando uma com a minha cara? 

— Não. 

Um estalar de língua, foi tudo que tive. Sasuke jogou os cartões no sofá, deixando-me então para entrar no banho. E eu caí desanimada ali, mas não derrotada. 

Era uma tarde de sábado. Havíamos marcado de nos encontrar apenas a noite, depois do ensaio com a orquestra. Sim, consegui convencê-lo prometendo sexo quente após a apresentação, com direito a tudo que ele quisesse. Bem, sobre isso, vinha me batendo o arrependimento. Afinal, sabe lá que perversidades passavam na cabeça safada dele. De qualquer forma, também não é como se achasse que Sasuke insistiria, caso na hora eu me negasse a algum de seus pedido. Também, a proximidade da apresentação não me deixava esquecer que já estávamos saindo a quase um mês! Eu e Sasuke Uchiha, juntos por mais de uma noite, sem interrupção. Era uma conquista e tanto, visto a personalidade difícil dele e minha tendência a fugir e estragar tudo. 

Mais interessante ainda, lá estava eu, antes do horário combinado, determinada a mostrá-lo a pesquisa que havia feito nos últimos dias. Realmente havia me dedicado a isso: procurar e entender qual seria a melhor forma de ajudá-lo. 

Contudo, Sasuke não deu a mínima. 

Jogada no sofá dele, pensando com meus botões, passei a traçar uma nova estratégia, talvez uma abordagem diferente... Foi quando a campanhia tocou. A princípio, pensei não atender, afinal o morador do apartamento estava no banho, sem condições de receber visitas. Mas a pessoa do outro lado foi tão insistente, que interpretando a amiga só de passagem, decidi abrir a porta. 

Era uma mulher ruiva, com uma expressão tão fechada que quase me deu medo. Ela carregava um cesto em mãos, com 4 gatinhos dentro. 

Claro. Lembrei de súbito. Só podia ser Karin. A dona de Padmé.  

— Não adianta esse cretino se esconder. — Ela falou, passando por mim sem um convite para entrar. — São os netos dele também. 

— Sasuke está tomando banho. — Óbvio que o cretino era ele. 

— Bem. Eu espero. — Assim, sem mais, sentou-se, cruzando as pernas sem constrangimento e acomodando a cesta ao lado. 

Sem saber muito o que fazer ou como reagir, sentei-me perto dela, para olhar os gatinhos. Eram bonitinhos. 

— O cretino disse que arranjaria os lares adotivos, mas até agora não fez nada. Acredita nisso? 

— Não está esperando ficarem maiores? Sabe… Foi o que ele me disse. Aliás, sou a Sakura. Vou adotar um.  

Bem, eu já estava sabendo de tudo. Era uma história estranha, tanto quanto engraçada.

Pelo que Sasuke contara, duas semanas após ter resgatado Vader do lixo do prédio, e a vizinha, Karin, tê-lo visto miando na varanda, atrás da gatinha patricinha, a mulher foi bater na porta dele para destratá-lo. Acusando o gato vagabundo, e o dono principalmente, pela ninhada de Padmé. 

Sasuke não entendeu a princípio, mas quando foi até o apartamento de Karin, que estava desesperada sem saber o que fazer com 4 filhotes, e por isso o surto, não teve como contestar. De fato, as chances eram grandes de Vader ser o pai. Eram gatinhos pretos e de olhos verdes.

WonderwallWhere stories live. Discover now