Capítulo 27

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Harley

Minha infância foi perturbadora. Qualquer um ficaria traumatizado por toda a vida...assombrado por toda a vida. Vivi em um orfanato desde que eu era um bebê e fui adotada várias vezes naquela época.

O orfanato até vendia os órfãos para obter lucro, padres e freiras corruptos, que usavam o dinheiro da igreja e do município, direcionado à higiene, alimentação e conforto das crianças, para seus próprios prazeres e coisas ilícitas.

Era um lugar imundo, imundo de almas podres e falsas, assombrado por fantasmas de crianças e adolescentes que cometeram suicídio para acabar com suas dores. Eles usavam a religião para esconder suas verdadeiras intenções, seus pecados sujos e repugnantes. Sacerdotes que abusavam e estupravam os órfãos, as madres também. É nojento.

Mas eu levei um tempo para ver o que faziam, até então muitos sofreram antes que eu fizesse justiça.

— Então eles venderam você mais de uma vez? — Pergunta Victoria.

Dezenas de vezes. Os bebês eram sempre os favoritos para adoção, poucos querem crianças maiores. No fim lucraram mais comigo que com as outras crianças, já que eu sempre voltava. As vezes era devolvida pela família adotiva, outras vezes pela polícia. Sempre que uma família me adotava, monstros me acompanhavam. Fantasmas e demônios que os assombravam e até matavam, quando havia tempo.

— Quer dizer que você atraia monstros para matar aqueles que te adotavam? — Pergunta Victoria, petrificada de surpresa.

Não era minha culpa. Parecia ser, mas não era. A verdade é que fui amaldiçoada quando nasci, por Lilith, antes de me enviar para um orfanato. Eu li o diário dela que falava sobre mim, depois que minha mãe a matou e me encontrou. Minha mãe Donatella.

Parece que ela não queria que eu saísse do orfanato. Para que quando chegasse a hora, ela me buscaria para colocar seus planos em prática. O plano de dominar tudo e ficar no lugar do Lúcifer. Que iludida, não? Morreu tentando conquistar algo impossível.

Mas não estamos aqui para falar daquela cobra, e sim para falar de minha infância.

Fui adotada muitas vezes, até que completei quatro anos e as adoções se tornaram menos frequentes até se reduzirem a nenhuma. Eles tinham medo de mim, achavam que eu estava possuída por um demônio, então tentavam expulsá-lo, mas sem sucesso. Até porque não havia nenhum demônio dentro de mim, era eu mesma. Por temerem a mim, nunca abusaram de mim, preferiam me deixar na solitária, na maioria das vezes, e de vez em quando me liberavam para socializar com os demais. Mas eu preferia a solitária.

Pelo menos sozinha, ninguém me julgava, e eu poderia surtar sem ninguém olhando.

— Como assim surtar? Você ficou deprimida, ou apavorada por viver em um orfanato? O que é compreensível se levar em conta as condições do orfanato. E as catástrofes que aconteceram a sua volta.

— Não me refiro a esse tipo de surto, doutora Trenth. Mas sim surtos de poder. Crianças mutantes, peculiares, bruxas ou médiuns, não controlam suas habilidades especiais, já que não sabem da existência deles. Por isso que crianças precisam de responsáveis, que possam ajudar a controlar e proteger seus filhos. O que infelizmente eu não pude ter — Explico.

Eu estava confusa, com tudo o que havia acontecido. Criaturas que somente eu era capaz de ver e ouvir, objetos que flutuavam ou queimavam a minha volta, pessoas morrendo de repente. Não entendia nada daquilo e ficava cada vez mais perturbada.

Até que eu recebia visitas de uma entidade, que hoje sei que não era uma entidade. Era a Morte. Sim, a mulher de preto que usa uma foice e ceifa os mortos existe de verdade. Ela passou a me acompanhar depois de tantas pessoas que tecnicamente enviei para ela. No início sei que não foi minha culpa, aqueles monstros me seguiam por causa da Lilith, mas o que acontecia dentro do orfanato eram de minha autoria, mesmo que involuntariamente.

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⏰ Última atualização: Jan 12, 2020 ⏰

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