Serendipity • Yoonmin

Capítulo XXV

Min Woohyun, Haeundae-gu, 15 horas antes

Pegou sua xícara de café recém-feito da máquina e voltou para a mesa que ficava perto de sua cama de lençóis bem arrumados. Apesar de sua licença, Woohyun não conseguia ver aquela situação como um tempo livre em que ele pudesse recuperar todas as horas de sono perdidas no trabalho por tanto tempo, mas via a perseguição contra o irmão que mal conheceu como algo igualmente árduo a ser um dos guarda-costas do presidente.

Sendo assim, mais uma vez ele acordou cedo, devido à insônia que lhe afligia, e praticou seus alongamentos matinais com o máximo de cuidado para não acordar Yoongi. Depois disso, colocou água para esquentar, afim de fazer o café da manhã para o sobrinho, e seguiu para o banheiro, onde fez sua higiene matinal.

— Caralho! — Woohyun ouviu do andar de cima um barulho oco, seguido de vários xingamentos baixos.

— É, ele acordou. — Pensou, e sorveu-se de mais um pouco do líquido amarronzado.

O garoto de cabelos azuis desceu as escadas a passos pesados e lentos, esfregando o topo da cabeça com uma expressão irritada, e logo Woohyun desviou seu olhar do sobrinho para voltar a conferir o extrato de sua conta bancária. Ele temia que Yoongi se sentisse incomodado, e até mesmo intimidado, com um tio que ele nunca conviveu, o encarando e agindo como se tudo estivesse bem.

— Bom dia. — Disse ele.

Woohyun anuiu ainda sem olhá-lo.

— Bom dia. — Devolveu fracamente o cumprimento. — Eu fiz café a pouco tempo, a água está na chaleira. — Apontou e observou os calcanhares do outro seguirem para a minicozinha.

Minutos depois de ouvir o barulho da xícara batendo contra a madeira do balcão, teve sua atenção voltada para Yoongi, que puxou a cadeira e sentou-se de frente para si.

Seus olhos estavam fundos, como se compartilhasse da mesma falta de sono do tio durante a semana, mas ao contrário dos de Woohyun, atentos a cada movimento, o Min mais velho não conseguia distinguir o que se passava na mente do sobrinho. Distante, era como ele estava. Porém, a vontade de se aproximar do filho do irmão fez-se maior e presente, e ele não pode conter as palavras.

— Está tudo bem?

Yoongi o fitou imediatamente, franzindo o cenho, e depois voltando à sua expressão normal. Hesitou por uns segundos, quiçá escolhendo o que diria, e deu de ombros, desviando o olhar e pegando em mãos a xícara de líquido fumegante. Não tinha sido uma reposta completa, e Woohyun não perguntou novamente, deixando que o garoto falasse tudo no seu tempo.

Olhou o tempo nublado pela janela do duplex que alugara de última hora, e ligou a televisão em um volume baixo para que não atrapalhasse o que quer que Yoongi estivesse fazendo em seu pseudo quarto. Apesar dos dois colchões deixados pela proprietária na parte superior, Woohyun achou melhor que o sobrinho tivesse total privacidade que ele pudesse permitir, mesmo sem ter tido como encontrar um lugar com dois quartos.

Acompanhou as notícias locais e da capital, antes de assistir a movimentação repentina de Yoongi pelo apartamento. O garoto havia tomado banho e trocado de roupa, saindo com uma escova de dentes na boca, e procurando algo no pequeno armário da entrada.

— Vai sair? — Woohyun perguntou o óbvio, mas o outro não lhe respondeu, voltando ao banheiro. E quando ele saiu de lá, Woohyun completou. — Vai falar com o seu namorado?

Finalmente o tio tinha conseguido sua atenção. Yoongi parou no meio do corredor e virou-se para Woohyun.

— Eu vou encontrar um novo advogado e depois ir à polícia dar mais um depoimento. — Desconversou.