1- O Destino e o Bebê

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   Ah, as ruas de Seul, sempre foram tão agradáveis, apesar dos tumultos e da grande massa de pessoas transitando, era bastante aconchegante. Eu já tinha visto todo tipo de coisa nessa cidade, e como sempre, vários casos de amor, bastava você sentar em qualquer banquinho e observar, teria todo tipo de história para colocar no papel, era o prato cheio para um amante escritor de romances.

  Falando em escritor, vamos dá a vez ao nosso estimado protagonista. Meu nome? Bom, Kim Seokjin, 25 anos, muito prazer. Minha vida sempre foi uma rotina longa e talvez um pouco tortuosa, passava a noite escrevendo meus romances e pela manhã ia em editoras na tentativa de achar uma alma caridosa que visse um mínimo de talento em mim, e me desse uma chance de enfim realizar meu tão amado sonho de ser um renomado escritor de sucesso.

  Escrever para mim era como um refúgio, era criar um universo onde tudo era perfeito, onde a mocinha ficava com o mocinho, onde a menininha pobre era na verdade herdeira de uma fortuna ou onde o garoto que derrama café no outro garoto, começam a se odiar, mas no final tem que cuidar de uma criança juntos!

  Tudo bem, tudo bem, uma coisa de cada vez, nós iremos chegar lá.

Mas como eu dizia, escrever, explicar sensações, detalhar sentimentos, fazer meus leitores irem além da imaginação, só de pensar nisso meu coração aquecia, e no fim, não era preciso sucesso, se apenas uma pessoa lê-se, então eu ja estava feliz. Trabalhava na biblioteca pública da cidade, era gostoso ficar lá em meio a tantas livros, e como o salário era relativamente bom eu me sentia em casa, não trabalhava exatamente com a área que eu queria mas estar em uma biblioteca não era de todo mal já que eu estava sempre rodeado das mais belas escrituras feitas pelos mais importantes autores e autoras da história.

   Enquanto uma editora não me contratava, tudo que me restava era publicar minhas lindas histórias em um site da internet, até que eu tinha um bom público pra que não tinha fama nenhuma. Meus fiéis seguidores, todo dia na espera de um novo capítulo, mal eu sabia o capítulo que ia começar na minha vida a partir de agora.

   Era por volta das 11h da manhã, já estava acordado a algumas horas, meu costume de ser vaidoso é algo que trago desde sempre, então, perder umas horinhas na frente do espelho era comum para mim. Vestia nada fora do comum, uma calça de pano solto preta, uma camisa branca de manga e um sobretudo marrom com all stars no pé. É, eu sei, meu estilo é meu diferente, mas eu gosto.

   Nessa manhã, eu seguia para o café que tinha no centro de Seul, apesar de um pouco distante da minha casa, não tinha cafeteria no mundo que fizesse um café gelado como aquela, já era comum eu ir lá todos os dias antes da minha luta diária em editoras. O movimento estava como de sempre, talvez um pouco mais movimentado que o normal, mas ainda sim agradável.

   - O de sempre, porfavor - falei para a atendente, que me conhecia por conta da minha frequência ali, a mesma apenas assentiu com um sorrisinho de canto.

   Sentei em uma mesa que estava vazia, e nesse tempo gostava de analisar as pessoas a minha volta, era bizarro como eu conseguia inspiração vendo situações do cotidiano. Um pouco afastado via uma mãe dando um sorvete na boca da sua pequena que estava um tanto quanto melada, mas ao canto um casal de idosos dividiam um milk shake de mãos dadas, pareciam apaixonados, e na outra mesa ao lado, um homem, sozinho, lia um livro.

   Tudo bem, ele estava lendo Franz Kafka, a metamorfose, meu livro preferido. Apesar de não ser um romance, eu gosto do que esse livro retrata, gosto da visão que Franz passa sobre como não ligamos para os problemas das outras pessoas, mas ainda era estranho ver alguém lendo livros desse estilo no meio da rua.

   Finalmente consegui ver seu rosto quando enfim abaixou o livro, cabelos cinzas, olhos castanhos, maxilar definido, ok, ele era muito lindo. Talvez eu estivesse encarando o homem sem nem disfarça, mas ele não havia notado então tudo bem, pesquei um breve sorriso que ele deu em meio a leitura, meio estranho já que aquele livro não tem nada de engraçado, mas espera, pelos deuses, ele tem covinhas, e são as mais lindas que eu já vi em toda a minha vida.

O Destino e o Bebê | KNJ • KSJ [Concluída]Onde histórias criam vida. Descubra agora