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Lucy POV

Quando a professora Aquarius disse que as apresentações para a seleção da líderes seria em dupla e me apresentou a Mira nossa antipatia mutua foi nítida.

Como eu seria capaz de ensaiar com uma daquelas insuportáveis e metidas a populares? Lancei um olhar de desdém a ela que não demorou a me retribuir com um tão frio que poderia congelar o deserto. Eu poderia não gostar dela, mas respeitei sua postura... Talvez não fosse tão ruim afinal...

Foi péssimo!!!

Mal nos falávamos, mas precisávamos fazer os passos com graça e sincronismo. Nunca pensei que diria isso, mas preciso agradecer a minha mãe por ter me obrigado aos intermináveis e cansativos anos do balé, eles ajudavam de certa forma, e por mais que eu quisesse dizer o contrario a Mira também era excelente, a garota parecia que era de borracha tamanha era sua flexibilidade, só que de alguma forma não nos entendíamos na coreografia, sempre acabávamos trombando uma na outra, tropeçando... Obviamente isso não estava funcionando.

Após mais um tropeção e um baque dignos das cassetadas do domingão do Faustão ela explodiu:

_Olha só garota, eu não gosto nada disso e também não gosto de você, mas eu preciso realmente entrar nessa equipe, é uma questão de vida ou morte dá pra me entender, então eu agradeceria se fizesse sua parte direito!

_Nossa nunca pensei que pra algumas garotas ser popular fosse tão importante que acabasse sendo considerada “uma questão de vida ou morte”. – Ironizei fazendo aspas com os dedos e revirei os olhos, a garota me olhou e eu realmente tremi na base, ela parecia um demônio revoltado.

_Ser popular? Ao inferno os populares! Estou nisso pra proteger minha irmãzinha! – Ela suspirou e de alguma forma pareceu alguns anos mais velha. – A Lissana faz parte da equipe a algum tempo, no começo achei legal ela estava feliz e eu estava feliz por ela, mas de alguns meses pra cá percebi que há algo de errado lá, a minha irmã mais nova ta adoecendo e não se abre mais comigo como antes, e eu tenho certeza que tem algo haver com essa equipe de lideres de torcida, Ser popular e chamar atenção de garotos não vale a pena se o preço é perder a saúde, é por isso que eu preciso entrar e que se você for esperta vai se manter longe delas e fora do meu caminho.

Eu estava em choque, aparentemente essa equipe de lideres de torcida era ainda pior do que imaginei.

_Eu também tenho uma irmã mais nova a Juvia e ela também sonha em fazer parte dessa equipe, é por ela que estou aqui, e o que você me disse não fez mais que reforçar minhas suspeitas, por mim estaria ais que feliz em me manter afastada de tudo isso, mas pelo bem da Juvia eu preciso passar nessa seleção.

Nós nos olhamos e pela primeira vez vimos uma na outra mais que apenas a aparência, tínhamos muito em comum e muito pelo que lutar. Ela se levantou e me estendeu a mão.

_Nesse caso, devemos treinar ainda mais, vai ser bom ter uma aliada dentro daquele ninho de cobras. E você não é tão ruim assim, já foi líder de torcida no nível médio? - Eu fiz uma careta.

_Não! Mas passei dez anos na escola de balé. E você também não é nada mal.

_Fiz ginástica artística. – Nós sorrimos pela primeira vez uma pra outra. – Vamos arrasar nessa seleção!

Ela sentenciou e recomeçamos os treinos com disposição total e energias renovadas.

Melhoramos muito e ousamos nos passos, incluímos giros e saltos dificílimos até ficarmos satisfeitas com o resultado.

No dia da seleção, não estávamos nem um pouco nervosas, no rosto da Mira só era possivelmente identificar determinação, olhei com pena as garotas que tanto se esforçavam pra entrar na equipe, elas poderiam não saber, mas estávamos fazendo um favor a elas impedindo-as de realizar esse sonho.

Quando a professora anunciou nossos nomes, entramos sem nos deixar abalar pelo barulho da arquibancada lotada, na quadra e executamos nossos passos a perfeição. Ao concluir sorrimos uma pra outra confiantes de que alcançamos nosso objetivo.

E o resultado não tinha como ser diferente, a Mira e eu fomos as primeiras colocadas, seguidas pela Juvia e a Levy sua dupla e mais duas garotas que nem prestei atenção nos nomes.

Agora era arrumar paciência sabe-se Deus onde pra conviver entre elas... E a minha provação não demorou nada a começar...

Primeiro a Juvia me crivou de perguntas, e custou muito a acreditar que tudo o que eu queria era fazer parte daquele maravilhoso grupo, a Mira também teve um tratamento parecido da Lisanna. Mas no fim elas se conformaram e a desconfiança foi rapidamente substituída pela empolgação.

A Bisca não disse nada, não podia na realidade, ela votou contra nossa entrada, mas como a arquibancada e os professores foram a favor ela foi voto vencido. Mas se olhar disparasse tiros nós teríamos sido fuziladas no meio da quadra.

O jogo continuou e por muito pouco não perdemos, os jogadores estavam estranhamente distraídos, o capitão principalmente, por mais que me doa admitir, eles são realmente bons, eu mesma estive assistindo vários dos jogos do time, afinal eu não gosto dos jogadores como pessoas sem limites e vergonha que são, mas o basquete como esporte é um assunto completamente diferente, eu sei admirar um bom jogo quando vejo um. E esse era um bom jogo até o intervalo.

Apesar das dificuldades em quadra a torcida continuava animadíssima, ouvi gracejos e comentários maliciosos que seriam o suficiente para toda uma vida!

O jogo acabou e ganhamos por uma vantagem mínima, certo que era só um amistoso, mas eles terão que se esforçar muito mais se quiserem mesmo ganhar o estadual.

Estava tão perdida em pensamentos que só aí percebi que tanto o time como as demais líderes de torcida já haviam se encaminhado para os vestiários.

Segui naquela direção mas assim que saí da quadra senti um puxão forte no meu braço.

_Pelo visto está tão satisfeita com toda essa exibição que faz questão de ficar pra trás sozinha não é?

Demorei alguns segundos pra entender o que estava acontecendo, era o Natsu com uma expressão nada simpática.

_Não sei do que está falando!

_Ah não? Será que dá pra me explicar que porra é essa de entrar pras líderes de torcida? - Falou irritado ainda segurando forte o meu braço.

_Até daria se eu achasse que é da sua conta, mas como eu sei que não é, eu gostaria que você me soltasse e saísse do meu caminho.- Respondi no mesmo tom.

_Lucy, Você vai desistir dessa loucura imediatamente e nunca mais vai ficar se exibindo daquela forma, tá me ouvindo?

A audácia desse garoto não tinha limites, quem diabos ele acha que é pra falar assim comigo, meu pai por acaso?

_Ah é mesmo, e o que você planeja fazer pra me impedir?

Desafiei, estavamos nos encarando intensamente, não sei exatamente como eu esperava que ele reagisse a isso, mas pra minha surpresa o aperto do meu braço aliviou, e sem que eu tivesse tempo pra reagir ele tomou meus lábios com os dele num beijo arrebatador e nada delicado, tinha raiva, frustração, desejo é alguma coisa a mais que não fui capaz de identificar... mas era bom... Deus, era muito mais que bom, era o paraíso.

E me deu uma sensação de familiaridade tão forte, era quase como voltar ao lar, ao nosso lugar no mundo.

Retribuí o beijo na mesma intensidade, um dos braços dele me envolveu pela cintura me aproximando ainda mais do seu corpo, enquanto o outro braço segurou meu rosto, e me senti suspirar e derreter, logo o beijo mudou, ficou mais doce, mais carinhoso, tão gostoso que duvidei se era mesmo real ou um sonho.

Não sei quanto tempo ficamos assim, só sei que quando nos afastamos uma onda de pânico tomou conta de mim.

Que diabos se apossou de mim pra fazer uma coisa dessas?

Com um grito estrangulado, empurrei ele e corri pro vestiário como se a minha vida dependesse disso.  

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