Feliz aniversário

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[Pov's Lucy]

Dias se passaram e como me costumei a fazer no fim do meu expediente dei uma passadinha na lanchonete da Mira, mas hoje seria especial, era aniversário da Lis e a Mira decidiu fazer uma surpresinha deliciosa pra irmã, como ainda estava cedo, escolhi uma mesa afastada e silenciosa que dava uma excelente visão de todas as mesas e comecei a escrever, a professora me cobrou uma pouco de pressa na entrega da minha matéria, eu não podia esquecer que se tratava de uma seleção e tinha uma data a ser cumprida.
Eu a essa altura tinha diversas anotações sobre as garotas da equipe, era o suficiente para que a minha matéria começasse a tomar forma, e por incrível que pareça não era exatamente a forma que eu imaginava a princípio.
Claro, eu ainda considerava algumas garotas supérfulas e sem conteúdo, mas a maioria se mostraram realmente boas meninas, inteligentes, determinadas, e tinha também as que eram um pouco ingênuas e influenciáveis, mas inclusive nelas havia potencial, tudo o que precisavam era de bons exemplos e pessoas que as orientassem e incentivassem no bom caminho.
Nem preciso dizer que a Bisca, na sua ânsia por aparecer e chamar a atenção do Natsu não era exatamente a mais indicada nesse quesito, não que o fato dela viver dando em cima dele me incomode... Não incomoda... Absolutamente não!... Mas isso realmente não vem ao caso e está me desviando do que interessa! Foco Lucy!
A Levy é um bom exemplo, eu já conhecia do meu emprego de meio período e ela é super inteligente, entrou para as lideres de torcida apenas porque queria ainda mais créditos acadêmicos, mas é claro jamais abriu mão do clube de leitura.
A Erza também era incrível e, apesar do seu namoro com o Jellal do time de basquete era bastante focada, será uma advogada de muito sucesso algum dia, não tenho dúvidas quanto a isso.
Infelizmente a Juvia e a Lis faziam parte daquele grupinho facilmente influenciável o que era precisamente a razão pela qual a Mira e eu ainda estarmos na equipe.
Por falar nelas, levantei a cabeça do meu caderninho de anotação ao ouvir a voz alterada da Mira perto do balcão, alguma coisa definitivamente não ia bem. Fechei meu caderninho e me aproximei.

Mira : Vai comer pelo menos um né Lis?
Lisanna: Eu já disse que não.
Mira: Mas... São trufas com recheio de cereja e tem também bolo com bastante chocolate, pra comemorarmos seu aniversário. Eu não acredito que vai me fazer a desfeita de não comer nem umzinho!
Lisanna: Eu... Eu não gosto de chocolate! – Ela rebateu.
Mira: Que??? Desde quando? Eu sei que trufas de cereja são suas favoritas. E você SEMPRE amou chocolate.
Lisanna: Eram minhas favoritas quando eu era criança, agora não são mais, ok?
Mira: Não consigo entender como é possível isso! Quando você era criança? Se me lembro bem, no seu ultimo aniversário você comeu um bolo desses sozinha, quase não deixou nada pra mim. – Ela pareceu envergonhada. Mas se recuperou rapidamente.
Lisanna: Exatamente, esse ano faremos o inverso e você pode comer sozinha pra descontar.
Mira: Mas é o SEU aniversário droga!
Lisanna: Sim, é o MEU aniversário e eu decido não comer, será que dá pra respeitar minha vontade pelo menos uma vez!

Cheguei perto o suficiente pra notar as maravilhas de chocolate que a Mira tinha sobre o balcão, as irmãs se enfrentavam olhos nos olhos, dava pra sentir a tensão entre elas de longe, e a Juvia só estava faltando babar em cima dos doces, minha irmãzinha sempre foi viciada em chocolates.
Eu estava pensando qual a melhor maneira de intervir, mas estava claro que aquela discussão não me dizia respeito. Ao mesmo tempo eu não podia deixar elas daquele jeito, felizmente outra pessoa tomou as rédeas da situação.

Natsu: Acho que é aqui a festa de aniversário da priminha mais linda do mundo?

Ele chegou com um bonito embrulho nas mãos, e com um gritinho a Lis desviou a atenção da Mira se atirando nos braços dele, com o encanto que eu já começava a reconhecer como próprio do rosado ele facilmente pôs um fim na briguinha de irmãs e a pedido dele a Lis inclusive aceitou comer uma trufa, quer dizer meia, já que apesar dela ter disfarçado muito bem na frente deles eu vi quando ela discretamente jogou a outra metade dentro da bolsa.
Mas o que me surpreendeu de verdade foi a Juvia, que aceitou apenas uma também e logo as duas inventaram uma desculpa e escaparam da lanchonete.
Ficamos apenas a Mira, o Natsu e eu, com uma bandeja praticamente intocada de trufas e um bolo de chocolate inteirinho, sentamos numa das mesas e começamos a conversar/comer.

Mira: Eu não sei o que fazer. – Bufou frustrada.
Natsu: Com os doces? – Ele pegou uma trufa e a colocou inteira na boca. – Hummm... Vai ser um verdadeiro martírio prima, mas me disponibilizo a ajudar a acabar com tudo isso.

Ela finalmente sorriu.

Mira: Eu estava me referindo a o que fazer com a Lisanna. – Ela também começou a comer uma trufa. – Ela nunca, NUNCA rejeitou chocolate em toda a vida dela, eu não consigo entender, achei que ela ficaria feliz.
Lucy: Ela é uma boba de não gostar. - Também coloquei uma trufa na boca e fechei os olhos aproveitando o sabor. – Você minha amiga é uma fada dos doces, isso aqui ta tão bom... mas tão bom, que nesse momento eu não consigo pensar em nada mais gostoso com o qual comparar.
Natsu: Eu consigo... – Abri os olhos e me deparei com ele me olhando intensa e maliciosamente, engoli com dificuldade e ruborizei.

Havia alguma coisa na forma como ele estava me olhando, de alguma forma que eu não consigo explicar tinha mais que uma suposição, tinha mais que uma gracinha, mais que uma cantada barata... Tiinha... Conhecimento, como se ele tivesse experimentado...
Um barulho em outra mesa, um cliente chamando um dos garçons quebrou o feitiço do momento, meu olhar se desviou bruscamente pra Mira que estava lá olhando de mim pra ele e dele de volta pra mim, ela era suficientemente transparente a ponto de eu reconhecer aquele sorriso metreiro.
Isso não é nada bom! A Mira estava tendo idéias, idéias terrivelmente equivocadas, idéias sem nenhum cabimento e nenhuma chance de se tornarem realidade envolvendo o Natsu, um possível romance e EU.
E tudo isso é culpa minha! Como assim eu Lucy Heartifilia ruborizei como uma maldita colegial por uma piadinha completamente sem graça, uma insinuação totalmente desagradável e impensável logo do infeliz do Natsu Dragneel?
Mais uma vez eu desviei meus olhos pra ele, se eu bem conheço minha amiga eu ficaria dias repetindo pra ela que não havia nada entre ele e eu, tudo por culpa desse cabelo de algodão doce.
Lancei meu melhor olhar de “Eu vou me vingar por isso” na direção dele que apenas ergueu uma sobrancelha e sorriu de lado, mostrando que entendeu perfeitamente o recado.  

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