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A sala de reuniões da delegacia de Daegu era naturalmente um ambiente claustrofóbico. A única janela do lugar estava atulhada de poeira e os raios de Sol que conseguiam vencer a barreira de sujeira formavam uma espécie de luz fantasmagórica atrás de Jackson e o fazia suar. Fez anotações mentais para não se esquecer de mandar limpar a janela, consertar o ar-condicionado e depois matar esganado os três detetives.
— Dahyun — chamou a assistente que foi correndo com a prancheta em mãos. — Onde estão os três patetas?
— Eles confirmaram que viriam, mas não tenho notícias, senhor.
A porta da sala se abriu em um rompante e Jackson levou as duas mãos ao peito. Não era cardíaco, mas pensou que fosse empacotar ali mesmo. Namjoon entrou em passos trôpegos sendo seguido por Yoongi e Seokjin, igualmente desalinhados.
— Vocês se atrasam vinte minutos para a reunião e chegam aqui parecendo que saíram direto da boca de uma baleia? — o delegado falou sem olhar para nenhum dos três. Sinceramente, as pessoas testavam demais sua simpatia. Se sentia preso em algum programa de pegadinhas.
Se ele estivesse sozinho provavelmente faria os três pagarem seu café por um mês e então estariam resolvidos, mas era uma reunião oficial e o chefe de polícia de Daegu e uma agente das forças nacionais que representava o presidente estavam sentados na mesa suando as poças e tentando manter a compostura assim como ele. Seria reconfortante saber que não estava sozinho naquele barco se suas companhias não fossem malditas celebridades policiais.
— Nós sentimos muito, senhor — Yoongi falou se curvando e lançando um olhar frio para os colegas que repetiram o ato. — Podemos começar?
— Vamos começar logo esse circo.
— Ótima colocação — Seokjin estava péssimo, olheiras profundas adornavam os olhos bonitos e parecia pálido como um morto, mas seu olhar ainda era incisivo. — Aparentemente somos os palhaços desse caso.
— Ora, tenha algum respeito com nossa instituição! — o chefe de polícia falou irritado batendo as mãos roliças contra a mesa. Ele era baixinho e tinha bochechas redondas, Namjoon evitava fazer contato visual com ele porque ele se parecia demais com um papai noel asiático.
— E tenham algum respeito a nossa inteligência — Seokjin retomou a palavra. — Já são quase dois meses que estamos em processo com esse caso, sabe o que fizemos até o momento? Trabalho de bibliotecários, revirando papéis que não servem nem para papel higiênico.
— O que meu colega quer dizer — Namjoon interrompeu sorrindo amarelo, Seokjin batucava os dedos sobre a mesa e parecia pronto para matar alguém, Yoongi o olhava espantado — , é que as denúncias sobre a Bangtan são completamente infundadas.
— Sensacionalistas e fraudulentas — Yoongi completou dando de ombros.
— Perseguimos esses bandidos por anos, querem ensinar o padre a rezar a missa? — o chefe de polícia estava genuinamente irritado, as bochechas protuberantes sendo tomadas de uma coloração rosada.
— Os documentos eram uma zona de páginas faltando, depoimentos de pessoas que nunca existiram — Yoongi abriu uma pasta repleta de atestados de óbito. — Temos até mesmo, e essa é a parte mais interessante — pontuou antes de continuar — , depoimentos de pessoas que faleceram.
— Ainda não é crime morrer, Min — Seulgi, a agente que representava o governo, já tinha trabalhado com Yoongi e tinha um olhar mais curioso do que irritado sob o colega.
— Claro que não — sorriu. — Mas talvez ter morrido antes de depor, mais precisamente uma década atrás, seja um empecilho.
— O nosso ponto aqui é uma pergunta muito simples — Seokjin apoiou o rosto na mão a tombando para o lado. —No que caralhos vocês nos meteram? — um burburinho se espalhou pela mesa e Namjoon arregalou os olhos.
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Amor Fati | Vmon
Fanfiction[CONCLUÍDA] Namjoon cresceu em um orfanato católico até ser adotado por um casal de policiais. Achou que seu passado nunca mais cruzaria seu caminho após tantos anos, até se deparar com seu primeiro caso no cargo de detetive: investigar uma associaç...