Amor Fati | Vmon

XVI | us

🦉

— O Namjoon?

Taehyung encarava Jungkook como se o amigo tivesse enlouquecido de vez. Que história era aquela que Namjoon tinha ajudado a tirá-lo da cadeia? Foi o detetive quem tinha mandado o prender em primeiro lugar, ouviu da boca dos colegas dele.

— É, hyung, o Namjoon.

Os dois estavam sentados em cadeiras desconfortáveis dentro do prédio de arquivos da polícia de Daegu. Uma construção antiga na periferia da cidade que abrigava os documentos e arquivos que já tinham sido digitalizados, mas que ficavam ali por questões burocráticas.

Além de ser um dos últimos lugares da terra onde alguém fosse imaginar que Taehyung poderia estar, apenas Jackson tinha o acesso direto.

— Você quer ligar para ele? — Jungkook falou voltando a ter a atenção do mais velho que parecia aéreo. — Eu posso te emprestar meu celular, e vocês conversam um pouco...

— Não — Taehyung falou simples e o mais novo o olhou surpreso.

— Como não?

Taehyung não sabia se seria capaz de olhar Namjoon nos olhos, nem conversar com ele depois de tudo aquilo. Ele sabia o quanto o mais velho dava valor a própria profissão, o quanto ele acreditava na instituição e seus valores. E agora ele sabia que Taehyung representava tudo o que ele mais abominava, e mesmo que aparentemente Namjoon estivesse de alguma forma do mesmo lado que ele, na verdade o detetive só estava pensando de forma lógica como mandava sua profissão.

Não era sobre eles, não haveria mais eles.

— Não é hora para dramas românticos agora, afinal o nosso objetivo principal é pegar Woosik no pulo, certo? — mentiu vendo o outro franzir o cenho.

— Ok — Jungkook concordou um pouco incerto.

— Mas mudando de assunto, você parece chateado — riu ao ver os olhos redondos do mais novo se arregalarem. — Eu te conheço desde que você fazia xixi na cama, claro que eu sei quando está preocupado.

— É que... — suspirou chutando o ar enquanto pensava. — O que vai acontecer depois que pegarem o Choi? Porque eu não suporto a ideia de você ir preso depois de tudo... Bem, não é justo.

— Jungkook, eu preciso pagar pelo o que eu fiz — falou firme mas se arrastou na cadeira para segurar as mãos tatuadas do mais novo entre as suas. — Eu sempre deixei claro que quando tudo isso acabasse eu ia me entregar, e agora não é como se eu tivesse opções — riu apontando o lugar onde estavam com o pescoço, mas Jungkook não retribuiu o sorriso.

— Se você se entregar eu me entrego também.

— Ya! — riu balançando as mãos juntas até finalmente arrancar um sorriso pequeno e desconfiado do mais novo. — Quer ser meu colega de cela? Dormir e comer de graça é?

— Hyung, eu nunca mais vou te deixar sozinho — Taehyung sorriu maior logo em seguida o puxando para um abraço. — Nunca mais.

— Eu te amo, Kookie.

— Eu também te amo — se afastaram limpando os olhos úmidos e pigarreando para manter a pose. — E olha, dormir e comer de graça não é lá uma ideia muito ruim.

— Claro que não — riram se ajeitando nas cadeiras desconfortáveis. — A Chae está de guarda? Isso é mesmo necessário?

— Nós não podemos dar bobeira, ainda não sabemos como estão as coisas na delegacia.

— Mas eles não tem um caso ainda?

— Ainda não. Eles acham que com o seu depoimento, do Hobi e do ex delegado, eles conseguem montar um caso e abrir investigação contra a West Village. Mas, — continuou depois de respirar fundo — , eles têm medo que Woosik fuja quando perceber que a polícia está na sola dele.