🦉
Taehyung olhava para o teto atento a todo e qualquer som vindo do corredor, estava com um pouco de sono, mas ele preferia ficar acordado para sua pequena aventura.
— Psiu.
Sorriu e desceu da beliche ao ouvir Namjoon o chamando, os dois deram as mãos e, de meias, saíram de fininho do quarto em que dormiam.
Os corredores do orfanato estavam completamente no escuro, nada se podia ouvir, sabiam as tábuas do piso que deviam evitar para não fazer barulho, e até respiravam com mais cuidado para que não fossem pegos.
Subiram a escada enferrujada que dava acesso ao pequeno terraço abandonado do prédio, uma brisa gelada fez Taehyung estremecer, mas logo sorriu largo ao ver o céu estrelado.
— Uau — ouviu Namjoon falar baixinho e se virar com os olhos brilhando em sua direção. — Acho que não existe nada mais bonito que isso.
Se sentaram no lugar de sempre, forrando o chão empoeirado com jornal para não sujar os pijamas. Taehyung passou o braço pelo do mais velho e se aconchegou nele e ambos ficaram em silêncio observando os milhares de pontos luminosos acima deles enquanto eram banhados pelo brilho prata da lua crescente.
— Sabia que na verdade as estrelas são só pedras? — Taehyung sussurrou rindo da cara de choque do mais velho. — Pedras muito, muito grandes que estão muito, muito longe.
— Não quer dizer nada, diamantes também são pedras e nem por isso são menos bonitos.
— Você tem razão. Olha aquela lá — apontou para uma que tinha um brilho oscilante.
— Está morta. — Taehyung assentiu. — Acha que somos como elas? Que nosso brilho permanece depois que morremos? — O mais novo concordou de novo deitando a cabeça em seu ombro.
— Até que não sobre mais ninguém para lembrar da gente — suspirou.
— Vamos sempre lembrar um do outro certo? — Namjoon o cutucou fazendo cócegas. — Meu Taetae não vai se esquecer de mim, não é? — o mais novo agora ria alto enquanto se contorcia tentando fugir do ataque. — Vai, corujinha?
— Vou, eu vou! — Namjoon parou de provocá-lo mas continuaram rindo, o mais velho o puxou para um abraço. — Você vai?
— Acho que nem se eu quisesse eu ia conseguir esquecer de você — se afastou e viu o sorriso quadrado que adorava. — Você é minha pedra muito, muito grande, muito, muito longe. — Taehyung fez uma careta e ele riu. — Não gostou?
— Você me odeia? — Namjoon gargalhou e voltou a abraçar o outro que tremia com o frio da madrugada. — Acho que quando eu for bem velho, essa vai ser minha memória favorita.
— As estrelas?
— Você.
•
Desde que partiu de Daegu, Namjoon escreveu religiosamente cartas para Taehyung.
Não eram elaboradas ou muito profundas, se assemelhavam muitas vezes a um diário, onde Namjoon contava para o amigo sobre sua nova vida, e sua velha saudade.
Guardava todas elas com um carinho e cuidado um tanto exagerados em uma pasta azul que ficava embaixo de sua cama, e de forma completamente inconsciente, aquele foi o primeiro item que ele colocou em suas malas quando embarcou de volta para a cidade que o criou.
Sentado em sua cama, a escuridão do quarto sendo quebrada apenas pelas luzes da rua que entravam pela janela, ele folheava aquelas cartas cheias de um pedaço de si que mais do que nunca, parecia tão incerto.
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Amor Fati | Vmon
Fanfiction[CONCLUÍDA] Namjoon cresceu em um orfanato católico até ser adotado por um casal de policiais. Achou que seu passado nunca mais cruzaria seu caminho após tantos anos, até se deparar com seu primeiro caso no cargo de detetive: investigar uma associaç...